06/09/2006

Informe no. 731: Tupinikim e Guarani derrubam eucalipto em protesto contra atraso na demarcação de suas terras


 


          Tupinikim e Guarani derrubam eucalipto em protesto contra atraso na demarcação de suas terras


          Bispo de Ji-Paraná, RO, recebe ameaças


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Tupinikim e Guarani derrubam eucalipto em protesto contra atraso na demarcação de suas terras


 


Na manhã de hoje, 6 de setembro, 200 índios Tupinikim e Guarani iniciaram a derrubada de eucaliptos em local próximo ao viveiro de mudas da Aracruz Celulose, situado na área que lhes pertence tradicionalmente e que é explorada pela empresa Aracruz desde os anos 1960. A ação cobra da Fundação Nacional do Índio (Funai) o encaminhamento de decisão sobre a demarcação da terra para o Ministério da Justiça (MJ). E eles pedem que o MJ mantenha o compromisso, assumido em reunião há alguns meses, de acatar a decisão da Funai. O prazo que a Funai órgão tinha para que as contestações terminou em 20 de agosto.


 


Segundo a liderança Wilson Guarani, Funai comprometeu-se a enviar o documento ao MJ apenas na segunda-feira, já que amanhã (7) é feriado. Mas os indígenas buscam mais: “Precisamos ir além da entrega da Funai. Precisamos que o Ministério da Justiça cumpra seu compromisso, acate a decisão da Funai e encaminhe o processo dentro do prazo”, afirma. As negociações estão sendo feitas através do Raimundo José de Sousa Lopes, chefe de gabinete do presidente do órgão, Mercio Pereira Gomes.


 


Terminou dia 20 de agosto o prazo para que a FUNAI encaminhe o processo das terras dos Tupinikim/Guarani para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O ministro, por sua vez, teria prazo até 20 de setembro para assinar a portaria de delimitação, declarando a área como indígena. Porém, o processo ainda se encontra na FUNAI, aguardando encaminhamento do presidente do órgão, apesar de sua procuradoria jurídica já ter avaliado serem improcedentes as contestações à demarcação, apresentadas pela Aracruz Celulose.


 


 


                                BISPO DE JI-PARANÁ, RO, RECEBE AMEAÇAS 


Carta de solidariedade do Cimi


 


O bispo de Ji-Paraná, Rondonia,  D. Antonio Possamai, e outros homens e mulheres daquele município estão sendo ameaçados de morte após denunciarem atos de corrupção e organizarem manifestações em defesa da Ética na Política. O Conselho Indigenista Missionário vem a público manifestar seu apoio aos membros daquela Diocese e à luta das Igrejas pela recuperação da qualidade na vida política em Rondônia.


 


Em agosto, um cartaz com a fotografia do governador de Rondônia e de 23 parlamentares deste estado, que estão envolvidos em casos de corrupção, foi lançado pela Diocese de Ji-Paraná, pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, pelo Projeto Padre Ezequiel, Fórum Transparência de Ji-Paraná, Cáritas Diocesana e pelo Conselho de Leigos da Diocese.


 


Um bilhete deixado na última sexta-feira, dia 1 de setembro, na porta da Cúria Diocesana, com ameaças à vida do bispo D. Antonio Possamai e das pessoas ligadas à Pastoral da Diocese, causa preocupação ao Cimi. De autoria desconhecida, o bilhete diz: “Fique o senhor sabendo que a política não precisa da sua intromissão e a reeleição já está garantida no primeiro turno. Os próximos dias serão decisivos. Se quer virar um santo é só continuar agindo assim… Continue com sua obra e não atrapalhe quem realmente quer trabalhar por esse estado. Da próxima vez não haverá um aviso… O pior pode acontecer, com você e outros irmãos que o acompanham, nessa trajetória suicida. Lembre-se que, por muito menos, alguns religiosos foram assassinados”.


 


Pela divulgação do cartaz, o bispo D. Antonio Possamai vem respondendo a processo por difamação e injúria, instaurado a partir de denúncia feita pelo governador Ivo Cassol. Em 25 de agosto de 2006, a juíza Sandra Maria Nascimento de Souza despachou determinando que o bispo recolhesse todos os cartazes, sob pena de multa de R$       5.000,00 por dia.  A assessoria jurídica da Diocese tomou os procedimentos jurídicos cabíveis e apresentou contestação no dia 28 de agosto último. O Ministério Público Eleitoral já se pronunciou no processo, pedindo a improcedência da ação, bem como a cassação da liminar. Ainda não houve nenhuma outra manifestação legal.


 


A Igreja de Rondônia, sendo fiel ao projeto de Jesus Cristo, vem assumindo seu papel profético, desmascarando e denunciando tudo o que diminui a Vida. Dessa forma, a Diocese de Ji-Paraná, na pessoa de Dom Antonio Possamai, ao tomar a decisão de se posicionar contra a corrupção e os corruptos nos órgãos públicos, deixa claro seu compromisso com a Verdade, com a Justiça e com o Bem Comum.


 


Repudiamos as ameaças feitas à vida de D.Antonio Possamai e dos demais cidadãos da Diocese e exigimos que os criminosos sejam investigados e prontamente punidos. Não pode haver impunidade para aqueles que semeiam a morte, a violência e a corrupção na vida pública.


 


Segundo nossos valores cristãos, a política deve ser o exercício do serviço ao povo e às suas demandas por uma vida digna. D.Antonio Possamai e os demais cidadãos e cidadãs da Diocese de Ji-Paraná apenas exerceram seus direitos fundamentais ao denunciarem os crimes em Rondônia, e o fizeram a partir da prática do Evangelho, em nome de todos nós, cristãos e cidadãos de bem.


 


Estamos, portanto, todos, ao seu lado e vamos lutar em defesa de suas vidas e em defesa da Ética e da Verdade em nosso país.


 


Brasília, 6 de setembro de 2006


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


www.cimi.org.br


 

Fonte: Cimi
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