Aracruz, Cargill e Souza Cruz no banco dos réus em Viena
Trinta empresas multinacionais européias serão julgadas em um tribunal em Viena, na Áustria, organizado por entidades e movimentos sociais. Trata-se do Tribunal dos Povos, a principal atividade do 2o. encontro Conectando Alternativas, paralelo à Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e Caribe e da União Européia. O objetivo do tribunal é avaliar o comportamento dessas empresas, denunciar as estratégias de controle e de expansão, propondo alternativas de resistência. Diversas dessas multinacionais têm fábricas no Brasil e já sofreram denúncias de movimentos sociais brasileiros. É o caso da Cargill, acusada pelo Greenpeace de desmatar a Amazônia; e da Aracruz Celulose, acusada de expulsar milhares de índios no Espírito Santo e de promover o “deserto verde”, com as extensas plantações de eucaliptos. É o que explica Marcelo Calazans, coordenador da organização não-governamental (ONG) Fase. “A cadeia produtiva da celulose passa pelo terceiro mundo, passa pelo Brasil, mas ela nasce na Europa, nos Estados Unidos e no Japão e também termina lá. Porque a Aracruz compra grandes máquinas de celulose, paga consultores para pensar o desenho dos plantios homogêneos e os ciclos cada vez mais curtos da produção do eucalipto”. Darci Frigo, integrante da ONG Terra de Direitos, analisa o caso da Souza Cruz, maior empresa transnacional do setor de produção e comercialização de fumo no Brasil e que também será julgada em Viena. De acordo com informações da empresa, a atuação da Souza Cruz envolve cerca de 250 mil agricultores em todo o mundo. Somente no Brasil, são mais de 100 mil. “Na cadeia produtiva do fumo, os agricultores sofrem uma série de violações dos seus direitos, entre eles a saúde, pelo fato de haver uma contaminação com agrotóxicos”. A programação do Tribunal dos Povos segue até este sábado (13) na Áustria.
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