08/05/2006

Carta de apoio à luta dos Mapuche por justiça e liberdade

Sra. Presidente da Republica do Chile, Michelle Bachelet


 


Acompanhamos com preocupação a greve de fome que vem sendo realizada pelos quatro acusados – Patrícia Troncoso, Juan Marileo, Juan Carlos Huenulao, Florêncio Marileo – pelo incêndio no campo Poluco Pidenco, atualmente sob a posse da empresa Forestal Mininco, mas que faz parte da Terra Tradicional do Povo Mapuche.


 


Os indígenas questionam as provas utilizadas no julgamento; questionam o embasamento sobre o qual foram proferidas as sentenças que os condenaram a dez anos de prisão e questionam o uso, para sua condenação, de uma lei antiterrorista, criada durante aquele período tenebroso, que foi a ditadura militar do general Augusto Pinochet.


 


No Brasil, também vivemos dias de verdadeiro terror e de repressão, quando o país esteve dirigido por uma  ditadura militar, e podemos entender bem o que significa o uso de uma lei antiterrorista, criada no regime militar para um julgamento como este, que envolve questões de luta social.


 


 A Senhora Presidente, que também, com sua família, foi vítima de atos brutais da ditadura, deve entender a importância de os países da América Latina superarem estas leis injustas.


 


Aqui no Brasil, diversos povos indígenas lutam contra empresas que invadem suas terras para produzir celulose ou explorar madeira. Os povos Tupinikim e Guarani, no estado do Espírito Santo e o povo Pataxó, na Bahia, possuem centenas de histórias de contaminação ambiental de suas terras por agrotóxicos; de invasão de terras; de atrasos de anos nos processos de reconhecimento de suas terras pela pressão das poderosas empresas de produção de celulose e de extração de madeira; da pressão que sofrem para assinarem acordos ilegais; de expulsões violentas realizada pela polícia com apoio das empresas de celulose e madeira. Experiência parecida vivem os trabalhadores rurais sem terra, criminalizados pelas empresas que têm muito poder econômico e nenhum respeito à vida das pessoas. São também essas mesmas empresas que hoje protagonizam um grave e perigoso incidente diplomático entre Uruguai e Argentina, na localidade argentina fronteiriça de Frai Bentos.


 


É por saber de tudo isso que nos solidarizamos com os quatro Mapuche, que há 53 dias estão em greve de fome, colocando em sério risco a sua vida, na busca de serem ouvidos.


 


Pedimos a revisão da sentença por “incêndio terrorista”, a liberdade dos presos e a anulação da “lei antiterrorista”, que foi injustamente utilizada para a sua condenação.


 


Queremos que os problemas referentes aos direitos humanos, assim como aos direitos sociais e políticos possam ser resolvidos dentro dos nossos países, aprimorando nossas democracias, sem que os cidadãos precisem apelar para as Cortes Internacionais.


 


Nos unimos àqueles que se encontram injustamente presos e clamamos para que seja respeitado o direito do povo Mapuche a seu território; para que termine o saque de suas riquezas pelas empresas transnacionais; para que tenha fim o desmatamento e a contaminação das águas e das terras.


 As pessoas e entidades que assinam este documento pedem pelo direito do povo Mapuche à vida e à liberdade, pedem o fim da repressão às suas justas lutas.


 


Sra. Presidente da República do Chile, está em suas mãos a vida desses quatro jovens, que lutam dignamente pela sobrevivência de seu povo.


 


Respeitosamente,


 


Respeitosamente,


 


Cimi – Conselho Indigenista Missionário


CEPIS – Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae – S.Paulo – Brasil


Rede Social de Justiça e Direitos Humanos




CEDAPP- Centro Diocesano de Apoio ao Pequeno Produtor


ASEVI – Ação Social Esperança e Vida


PODE – Portadores de Direitos Especiais


Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Serra – Estado do Espirito Santo



COMIN


ONG ARUANÃ – Simões Filho – Bahia


 


 


Pe. Bernardo Lestienne sj, IBRADES – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento


Alfredo Peña-Vega – Professor-pesquisador do CETSAH-EHESS/CNRS – França


Fabio Alves dos Santos – Advogado


Ricardo Gebrim – Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo


Carlos Toseli – Missionário no Chile


José Benjamim Pereira Filho – Professor de História e Ouvidor Geral da UEPB – Universidade Estadual do Estado da Paraiba


Pe. Marconni Barboa- Diocese de Pesqueira PE


Ariovaldo Ramos, pastor evangélico


Araci MAria Labiak, brasileira, antropóloga, residente em Curitiba/Pr.


Helio Kotler


Prof. Dr. Paulo Moreira da Rosa – Maringá – Paraná


Rosane Cunen


Eré Kayoá Pataxó


Hãpe Pataxó


Urumã Pataxó


Ana Gabriela Chaves Ferreira


Amanda Kássia Chaves Ferreira


Pedro Henrique Chaves Ferreira


Josefina Gonçalves Ferreira


Maria das Graças Ferreira


Maria da Piedade Ferreira


Tadeu Magela Ferreira


Jorgino Nicolau Ferreira


Virginia Ferreira


Araci MAria Labiak, brasileira, antropóloga, residente em Curitiba/Pr


Jose Scussel


Pe.Jorge Rose, Eirunepé,/Am

Toninho Ribeiro – CPT Altamira (Prelazia do Xingu)

 

Contato:

Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

Paulo Maldos – Assessor Político
55 61 21061650

Fonte: cimi
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