26/04/2006

Nova seção no sítio: textos sobre a vida missionária


A VOZ DO SILÊNCIO


(Mulheres indígenas)


 


 


SILÊNCIO


da cultura indígena que contempla no trabalho; que fala só


aquilo que precisa, porque as palavras demais o vento as leva.


 


SILÊNCIO


que fala mais forte da vida gastada e entregada no cotidiano.


 


SILÊNCIO


que vem do trabalho sem sossego e da interiorização e cuidado


dos mínimos detalhes.


 


SILÊNCIO


de respeito ante o sagrado que tudo o envolve e invade todos


momentos do dia a dia.


 


SILÊNCIO


que revela a resistência de tantos anos e grita para manter a


identidade.


 


SILÊNCIO


que interioriza a dor dos antepassados mortos e do seu


presente condenado à morte pelo sistema dominante.


 


SILÊNCIO


que sabe ouvir a verdade do outro; a que as palavras não


revelam e só a presença, olhar, ou qualquer gesto permite as


duas humanidades se encontrar.


 


SILÊNCIO


que revela a dor da exclusão e da não valorização da pessoa


que fere a todo o povo só por ser diferente.


 


SILÊNCIO


que projeta o silêncio das autoridades, a omissão dos


poderosos e a sigilosa estratégia dos corruptos que tomam


conta das riquezas desta cultura indígena que não é escutada


tem seus direitos negados e silenciados.


 


SILÊNCIO


que vem a mim como um brisa de respeito; de amor puro que


não reprova e me concede um espaço para permanecer e


experimentar o “prazer” da solidariedade e do segredo de


sentir-se irmãos/as numa mesma terra.


 


SILÊNCIO


que me fala de ti; que te fala de mim, e que cria um espaço


onde as duas humanidades: a tua e a minha se encontram


para aprender a fazer isso para o que foram criadas:


PARA AMAR-SE.


 


Silvia Sanz sm

Fonte: Cimi - Regional Rondônia
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