09/03/2006

Insatisfeitos com decisões tomadas pela Funasa, 180 lideranças indígenas ocupam a sede do órgão em Tabatinga (AM)

Mais de 180 lideranças dos povos Ticuna, Caixana, Cocama e Cambeba, ocupam desde a manhã da sexta-feira, 3 de março de 2006, a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na cidade de Tabatinga, estado do Amazonas, em protesto contra a sistemática política de desestabilização adotada pelos diretores deste órgão contra a gestão do Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT) à frente do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Solimões (DSEI-AS).


 


Participam da ocupação caciques, conselheiros distritais e locais, e profissionais contratados pela CGTT, que não recebem salários há cerca de seis meses, porque a Funasa não repassou os recursos pendentes à conveniada.


 


A Funasa se defende dizendo que falta o CGTT prestar conta da 5ª parcela do convênio, mas não esclarece que a organização solicitou suplementação orçamentária desde agosto de 2005 no valor de aproximadamente R$3.800.000,00 e apenas recebeu R$100.000,00 em fevereiro de 2006 quando estava com prestações de conta em dia e o Departamento de Saúde Indígena da Funasa (Desai) afirmava ter mais de R$1.000.000,00 empenhados.


 


Com a liberação de um valor que não cobria nem a metade da folha de pagamento de outubro o Desai obrigou o CGTT a prestar contas de mais uma parcela para receber parte da suplementação que solicitara desde agosto de 2005. Ainda assim, a prestação de contas pendente foi finalizada para ser entregue à Funasa.


 


Porém o que mais levou o grupo a ocupar a sede da Funasa foi o anúncio feito pelo diretor do Desai, José Maria França, numa conversa que teve com o coordenador do CGTT, Nino Fernandes, no sentido de que a organização indígena seria substituída na coordenação do DSEI-AS pela organização não governamental Instituto de Desenvolvimento de Atividades de Auto-sustentação das Populações Indígenas (Indaspi), sem que houvesse nenhuma garantia de que a CGTT receberia as parcelas em atraso. Os índios são contra o fato do atendimento básica à saúde indígena ser repassada a uma entidade alheia à realidade dos povos indígenas da região.


 


De acordo, com os líderes da ocupação da Funasa, os índios não tem nenhuma pressa em desocupar o prédio, ate´que sejam atendidas as suas reivindicações.


 


Os contatos com os ocupantes podem ser feitos através dos telefones


(97)3412-2929/ 34122977


 


Manaus, 6 de março de 2006.


 

Fonte: Coiab
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