06/02/2006

Jovens discutem desemprego e acesso à educação

Buscar incentivo na organização dos Sete Povos das Missões e na resistência de Sepé Tiaraju para enfrentar os problemas atuais. Essa é a temática que permeia todos os espaços do Acampamento da Juventude. Setecentos jovens do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Paraíba e de outros países, como a Argentina, reúnem-se em São Gabriel a fim de estudar a história das Missões e discutir os principais problemas enfrentados pela juventude, tanto do campo quanto da cidade.


 


Cláudia Teixeira, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e integrante da comissão organizadora, aponta o desemprego e o acesso restrito à educação como os desafios a serem superados pela juventude. “Na cidade, o jovem pobre não consegue estudar porque tem que trabalhar para sustentar a família. Mas também não consegue melhores empregos porque não têm estudo. A exclusão vem de todos os lados”, relata.


 


No campo, a situação não é diferente. Julio Lobos, da organização campesina Mocase, da Argentina, conta que a falta de recursos e de políticas públicas para o agricultor familiar expulsa os camponeses de suas terras. “Os pequenos agricultores argentinos, em sua maioria, não conseguem vender o que produzem. Esse problema econômico faz com que o camponês vá para a cidade, engrossando as periferias”, argumenta. Assim como no Brasil, a terra argentina se concentra nas mãos de poucos. “Na Argentina, a terra é muito concentrada, o que deixa diversos camponeses sem terra. Por isso lutamos pela reforma agrária”, afirma.


 


Dos jovens presentes, 70% são ligados a organizações camponesas, principalmente às pastorais. Os outros 30% são meninos e meninas do movimento hip hop, catadores de material reciclável, trabalhadores desempregados, militantes do movimento da luta pela moradia, entre outros. Para Cláudia Teixeira, a diversidade de organizações envolvidas no acampamento demonstra o êxito do encontro. “O acampamento vai ser um marco para a organização da juventude. Precisamos, agora, unir reivindicações de luta em comum e expandir as nossas bandeiras”, salienta.


 


As atividades do Acampamento da Juventude foram iniciadas nesta sexta-feira, dia 03, com reuniões de apresentação dos participantes e de suas organizações. Tendo como base a coletividade, tarefas como limpeza, comunicação e segurança são divididas entre os participantes. A organização do acampamento reproduz a divisão dos Sete Povos das Missões. Nos dias 05 e 06 os jovens analisam a conjuntura do país e trocam experiências sobre suas realidades, e terminam as atividades no dia 07, com um calendário de atividades.                


 


Raquel Casiraghi – Via Campesina


 

Fonte: Raquel Casiraghi – Via Campesina
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