26/01/2006

Tragédia no povo Oro Wari´: um acidente de trânsito faz seis vítimas fatais e 19 feridos

Uma tragédia sem precedentes aconteceu na madrugada do dia 25 de janeiro na BR-425, a 2 km da cidade de Guajará-Mirim (RO), quando um caminhão fretado pela Funai, carregado de sacos de castanha provenientes da aldeia Ribeirão, capotou e matou seis indígenas do povo Oro Wari´ (um casal de idosos: Too´ Tac Nai Oro Mon e Wan Hon Oro Mon; um jovem de 20 anos, Miai Oro Ramxijein; uma mãe de quatro filhos, Selmira Oro Mon e sua filha Silmara Oro Mon com um ano de idade, e a criança Lucenildo Oro Nao´ com sete meses) e deixou 19 pessoas feridas, sendo que duas se encontram em estado gravíssimo devido a hemorragia cerebral.


 


O motorista chegou na aldeia à noite, mandou carregar os sacos de castanha e saiu pelas duas horas da madrugada sem ter dormido e tendo tomado bebida alcoólica. Perto de chegar, o motorista saiu da estrada e quando voltou para o asfalto, o caminhão tombou. A perícia policial provou que não foi problema de direção do caminhão, mas supõe que houve cochilo do motorista.


 


O acidente matou cinco indígenas na hora, sendo uma mulher grávida esmagada debaixo da roda e seu filho de um ano. Na chegada ao Hospital Regional de Guajará-Mirim, faleceu mais um adulto.


 


O motorista e seu irmão (menor) que o acompanhava desceram do caminhão e fugiram, deixando de prestar assistência e até o presente momento não foram encontrados pela polícia.


 


A precariedade do transporte dos povos indígenas e de seus produtos é antiga e a Funai continua sem tomar providência deixando os indígenas a mercê de transportes particulares. As poucas viaturas do órgão e das comunidades encontram-se nas oficinas mecânicas. Para tirar uma viatura do conserto, as comunidades têm que vender seus produtos e quando não tem, muitas vezes eles são incentivados a vender madeira.


 


Esperamos que a justiça tome providências punindo os responsáveis e que a Funai cumpra seu papel com um mínimo de infra-estrutura para atender as demandas das comunidades. Se as providências não forem tomadas, acidentes como esse ou até piores voltarão a acontecer.


 


As comunidades indígenas encontram-se sem saída e continuam a arriscar a sua vida pela necessidade da subsistência. Embora estejam traumatizados pelas mortes de seus parentes, ainda hoje pela manhã, um dia após o acidente, um caminhão veio da aldeia Lage, carregado de castanha e lotado de indígenas em cima da carga.


 


As lideranças indígenas estão muito revoltadas com o descaso dos órgãos federais (Funai e Funasa) em relação ao transporte, o que resultou em várias mortes nos últimos anos.


 


Guajará-Mirim, 26 de janeiro de 2006.


 


Cimi Regional Rondônia – Equipe Guajará-Mirim


 

Fonte: Cimi - Regional Rondônia - Equipe Guajará-Mirim
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