Violência Anunciada:
Após tomarem conhecimento de que neste final de semana (10 e 11) pode ser cumprida uma decisão judicial que determina a reintegração de posse da terra indígena Ñande Ru Marangatu aos fazendeiros ocupantes da terra indígena, os Guarani Kaiowá de Ñande Ru Marangatu escreveram uma carta reafirmando sua intenção de se manterem na terra. “Estão enganado esse autoridade que pensou em nós que iremos nos entregar a eles como uma ovelha…Resistiremos até o último fôlego da nossa vida”, afirmam.
A terra Ñande Ru Marangatu fica no município de Antônio João, a cerca de 300 km de Campo Grande, MS. A terra foi homologada em 28 de março deste ano. Este é o passo final do processo de demarcação de terras indígenas. Depois dele, é necessário apenas registrar a terra em cartório, o que ainda não ocorreu porque uma liminar suspendeu os efeitos da homologação da terra indígena até o julgamento final do processo. A decisão liminar foi proferida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Min. Nelson Jobim.
A decisão que permite a reintegração de posse foi dada pela desembargadora Diva Prestes Marcondes Malerbi, presidente do Tribunal Regional Federal, 3ª. Região, São Paulo. A desembargadora indeferiu, na tarde de ontem, os pedidos feitos pelo Ministério Público Federal (MPF) para suspender os mandados de reintegração de posse e restaurou a validade de mandados de reintegração. As fazendas a ser desocupadas chamam-se Ita Brasília e Pequiri Santa Creuza.
Sites jornalísticos do Mato Grosso do Sul divulgaram que a Polícia Federal planeja cumprir a decisão judicial no próximo sábado, dia 10. A assessoria da polícia afirma que não divulga datas de ações de reintegração de posse. Ñande Ru Marangatu tem 9,3 mil hectares, e os indígenas vivem em cerca de mil hectares.
Veja aqui o conteúdo da carta dos indígenas.
Nós da comunidade Indígena de Ñanderu Marangatu estamos numa véspera de uma grande massacre que serão nesse dia 10 ou 11 de mesmo mês. Por esse motivo estamos relatando e encaminhando no conhecimento de todos vocês a conclusão que tomamos a partir da liminar que saiu favorável aos fazendeiros invasor da nossa terra.
Estamos pronto para morrer; o que gostaríamos de pôr em vão, que alguém, ou melhor dizer, esse juiz que assinou a reintegração de posse tomem a providência dos nossos filhos que vai ficar sem nós…Estão enganado esse autoridade que pensou em nós que iremos nos entregar a eles como uma ovelha…Resistiremos até o último fôlego da nossa vida. Só não queremos que o autor, o responsável dessa matança fazem mais outra como essa. Se a nossa vida não custando nada; vamos morrer por uma justa causa, derramaremos os nossos sangue que com certeza servirão como um protesto solene aos nossos filhos em outra geração.
Ultima coisa que anunciamos é que a Lei federal está sendo pisado pelo juizes brasileiro!
Assim encerramos a nossa carta anúncio Guarani Kaiowá da mesma área.
Terra Indígena Ñanderu Marangatu, 08 de dezembro de 2005
(o texto é uma transcrição literal do manuscrito enviado pela comunidade indígena, por fax, da cidade de Antonio João, MS)