David Stang, irmão de Dorothy, vem ao Brasil pedir Justiça e mais atenção do governo para Anapu
Chega ao Brasil amanhã, 22 de setembro, às 14 horas, no Pará, David Stang, irmão de Dorothy, freira da ordem de Notre Dame que foi brutalmente assassinada em 12 de fevereiro deste ano. Acompanham David o cônsul especial de Washington, Jeffrey T. Hsu; o consultor do caso em Washington, Blake Rushforth, e o advogado Brent N. Rushforth. A comitiva quer saber como está a apuração do crime e quais ações o governo adotou, depois da morte da irmã, para diminuir a violência em Anapu, região à qual Dorothy dedicou 14 anos dos 39 de trabalho no Brasil.
A família Stang e o governo norteamericano têm acompanhado as ações da Justiça brasileira na apuração do crime. Em agosto, diante da morosidade do Governo brasileiro, a família enviou carta ao presidente Lula. “Logo após a morte de nossa irmã, o senhor prometeu ao mudo enfrentar a impunidade no Pará. Ao mesmo tempo em que nos sentimos reconfortados ao ouvir seu compromisso de castigar os assassinos de nossa irmã e destinar terras aos sem-terra e às áreas de conservação, temos visto muito poucas ações concretas”, diz o documento.
A violência continua em Anapu
Em agosto, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anapu, a Comissão Pastoral da Terra e Terra de Direitos denunciaram o envolvimento do madeireiro Luiz Ungaratti na prisão de dois trabalhadores rurais – os irmãos Miguel e Francisco Valentino dos Santos. Eles foram presos no dia 28, na Gleba 53, área do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, local onde foi assassinada Dorothy. A ação foi realizada pela Polícia Civil, em um carro (Toyota) pertencente ao madeireiro, que chegou a ser citado como um dos envolvidos no assassinato da irmã e que explora madeira na área do PDS. Depois das prisões arbitrárias, os policiais percorreram o PDS avisando às famílias que deveriam desocupar os barracos em 15 dias, pois caso não o fizessem, estes seriam queimados.
Caso Dorothy
Depois da apuração, cinco envolvidos foram pronunciados. São eles Rayfran das Neves, o pistoleiro que matou Dorothy; Clodoaldo Batista (Eduardo), que também participou do crime; Amair Feijoli da Cunha (Tato), fazendeiro que intermediou a contratação dos pistoleiros; e os mandantes do crime Vitalmiro Bastos de Moura (Bida) e Regivaldo Pereira Galvão.
Os três fazendeiros recorreram da pronúncia com recurso no sentido estrito junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará e não devem ir a julgamento enquanto o recurso não for apreciado. Já os dois pistoleiros não recorreram e estão esperando julgamento, inicialmente marcado para outubro, mas que deve ocorrer até o final do ano.
Impunidade
De 1985 a 2004, aconteceram no Pará 523 assassinatos, e só foram a julgamento 10 casos, com a condenação de 5 mandantes e 8 executores. O massacre de Eldorado dos Carajás tem sido paradigmático da forma como são tratados os crimes contra os trabalhadores e de como a Justiça tem agido. Dos 154 levados ao banco dos réus, apenas dois comandantes da tropa foram condenados.
Programação da visita de David e comitiva
Dia 22
Às 16 horas – reunião com o Ministério Público Federal
Acompanham – advogados da CPT, Irmãs de Notre Dame e Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará.
Dia 23
Às 11 horas – reunião no IBAMA
Acompanham – Incra e CPT
Às 13 horas – reunião com o presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Des. Milton Nobre, e o juiz de Pacajá, Lucas do Carmo.
Às 15h30 – reunião com os promotores Lauro de Freitas Junior e Sávio Brabo, no Ministério Público Estadual
No dia 26 a comitiva chega a Brasília
Foram solicitadas audiências com:
– o ministro Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por receber todas as ações de apelação que forem para o STJ no caso Dorothy;
– o presidente do STJ, Edson Vidigal;
– o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos;
– a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Iriny Lopes (PT/ES).
Informações: CPT Pará (91)3276-1544 ou Jax Nildo Pinto (91) 8131-8999
Assessoria de Comunicação
Comissão Pastoral da Terra
Secretaria Nacional – Goiânia, Goiás.
Fone 62 4008-6406 ou 4008-6466