Agronegócio profana símbolo religioso
A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, recebeu com profunda indignação a notícia de que a Cruz de Cedro, plantada em um trevo da Cidade de São Pedro do Ivaí, PR, durante a celebração da 20ª Romaria da Terra do Paraná, que aconteceu no domingo passado, 21, foi profanada por duas vezes. Horas depois de encerrada a Romaria, a cruz foi arrancada e jogada no meio de um canavial nas proximidades. A cruz foi novamente plantada no local e na noite de terça para quarta-feira, 23/24, a cruz foi mutilada, tendo sido cortado um de seus braços.
A 20ª Romaria, organizada pela CPT, reuniu em torno de 25.000 pessoas. Tinha como lema “Ai dos que profanam a terra. Felizes os que cultivam a vida” e propunha-se a denunciar as conseqüências negativas do modelo de agricultura adotado no Brasil, alicerçado, sobretudo, no agronegócio de exportação que destrói a terra com o uso indiscriminado de agrotóxicos e com a exploração da mão-de-obra. Por outro lado mostrava a riqueza e os empregos que a agricultura familiar gera.
Às vésperas da Romaria, os cortadores e cortadoras de cana da Usina do município foram ameaçados de ficarem sem seus empregos, caso participassem da mesma. Alguns deles inclusive estavam escalados para participar da celebração litúrgica.
A profanação da Cruz é uma demonstração clara dos métodos que o agronegócio utiliza. Além de não respeitar o meio ambiente e de ser um grande predador dos recursos naturais, agride o trabalhador do campo, explorando seu trabalho físico e atinge profundamente o seu universo simbólico-religioso. O agronegócio quer a submissão total do corpo e da alma do trabalhador para que esteja unicamente a serviço dos seus próprios interesses.
Segundo disse Dom Ladislau Biernaski, bispo auxiliar de Curitiba, o agronegócio “é um novo rótulo que tenta disfarçar a velha face do latifúndio”, que tem utilizado violência para se manter, pois sabe que está acobertado pelo manto da impunidade.
Goiânia, 24 de agosto de 2005.
A Coordenação Nacional da CPT