19/07/2005

24 povos indígenas participam do encontro das CEBs em Minas Gerais

Cerca de 66 indígenas participam do 11o. Intereclesial das CEBs, que ocorre entre os dias 19 e 24 em Ipatinga, Minas Gerais, e deve reunir cerca de 5000 pessoas que atuam nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica.


 


A participação indígena no Intereclesial é fundamental dentro da proposta do encontro de debater a “pluralidade das experiências espirituais”. “O Intereclesial será uma oportunidade para os católicos conhecerem como os indígenas vivenciam a própria espiritualidade e para refletirem sobre ela”, acredita Benedito Prezia, historiador e indigenista, que participará da assessoria do encontro.  


 


A participação dos indígenas no encontro não será em uma linha de alimentar o “folclore” sobre estes povos. “Eles têm uma participação integral como sujeitos. Para os não-índios, a participação dos indígenas será importante para que percebam que existe diferentes formas de viver e que é possível enxergar aquele que vive de forma diferente como uma pessoa que carrega em si toda uma cultura. Os indígenas não precisam do cristianismo para sobreviver, ou para que sobrevivam suas culturas religiosas. E, por outro lado, temos muito a aprender com a religiosidade deles”, afirma Mara Lúcia Oliveira, missionária do Cimi que atua na coordenação do Intereclesial.


 


Mara lembra que há pontos de diálogo entre as religiosidades indígenas e a católica. O mito da terra sem males, do povo Guarani, tem como referência a dignidade humana para todos os povos, e que este é um dos princípios também do cristianismo.


 


Religiosidade indígena


 


O Brasil tem mais de 230 povos indígenas espalhados por quase todos os estados do país. São povos com formas de vida, idiomas, culturas e religiões específicas. Assim, cada um dos 24 povos que participarão do encontro das CEBs trará como contribuição suas experiências e sua forma de vivenciar a religiosidade. Entre muitos destes povos, a educação, a saúde e inclusive a religião não são vivenciados em espaços separados, mas dentro das atividades da vida cotidiana.  


 


Outros povos vivem suas religiões integrando elementos da religião Católica, já que há anos têm contato com a sociedade ocidental e com a Igreja Católica, que por séculos tentou impor-lhes suas crenças. A resistência destes povos está no fato de jamais terem aberto mão de sua própria espiritualidade e de seus projetos de vida.


 


Terra


 


Apesar das muitas diferenças, há um ponto central entre as religiões de todos os povos: sua ligação com a terra. Não existe espiritualidade indígena sem terra. Para muitos povos, é no território que vivem os seres espirituais, e os seres espirituais são quem cria o território. Assim, só a garantia da ocupação de suas terras tradicionais permite, aos indígenas, espaço para seu modo de ser e para reproduzirem suas tradições religiosas e culturais.


 


Neste sentido, o lema do 11o. Intereclesial, “Seguir Jesus no caminho com os excluídos”, liga-se com as experiências indígenas através da experiência de exclusão que estas populações vivem há mais de cinco séculos.


 


Alguns dos principais momentos da participação indígena:


 


20 (Quarta-feira) – Apresentação das vivências indígenas e de sua realidade de exclusão, ligada principalmente à questão da terra e do preconceito contra suas formas de vida e de religiosidade acontecerá dentro do tema “Ver: a realidade da exclusão e a espiritualidade libertadora”.


 


21 (Quinta-feira)– Na manhã a quinta-feira, um dos seis vagões vai discutir “Jesus e as espiritualidades indígenas”.


 


22 (Sexta-feira) – Nas “Tenda da troca de saberes”, duas mini-plenárias tratam diretamente da questão indígena, abordando TERRA e EDUCAÇÃO INDÍGENA.


 

Fonte: Cimi - Assessoria de Imprensa
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