19/07/2005

Kaingang retomam terra no Rio Grande do Sul

Os índios Kaingang da terra indígena Monte Caseiros, localizada nos municípios gaúchos de Muliterno e Ibirairas, retomaram parte de sua terra tradicional na madrugada desta segunda-feira (18). Provisoriamente, acamparam próximo ao município de Caseiros, às margens da BR 285 que liga as cidades de Passo Fundo e Vacaria.



Os Kaingang reivindicam a criação de Grupo de Trabalho para revisão dos limites da área que ocupam. De acordo com as lideranças do movimento, a reconquista  da terra reivindicada é de fundamental importância para melhorar a situação de aproximadamente 90 famílias que vivem hoje em cerca de mil hectares de terra. As mesmas lideranças afirmam que estão retomando sua terra com a firme intenção de resistir e, portanto, não  voltar atrás da decisão tomada e executada.



O novo acampamento compõe-se de aproximadamente 50 famílias.  Em fevereiro de 2002,  foi realizado levantamento prévio pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em Monte Caseiros e em outras áreas do Rio Grande do Sul, constatando a necessidade de realizar a revisão de limites destas áreas, pois são pequenas e não atendem as necessidades das famílias que ali vivem. Nenhuma providência foi tomada pelo Órgão Indigenista Oficial até o momento. Em conseqüência disto, os Kaingang vêm realizando retomadas sistemáticas de suas terras no norte do estado desde o ano de 2004. São pelo menos cinco retomadas que envolvem mais de 200 famílias indígenas.



Todas as famílias estão acampadas à beira de rodovias e expostas ao perigo constante de atropelamentos, como ocorreu no acampamento de Pontão, próximo a Passo Fundo, onde uma pessoa perdeu a vida neste ano de 2005.



Somente algumas lonas de plástico estão sendo usadas para proteger os acampados das baixas temperaturas registradas, nesta época, na região. Os Kaingang necessitam, com urgência, de agasalhos e alimentação.  As crianças são as que mais sofrem com tudo isso.



A presente situação expõe a fragilidade governamental em atender os pleitos das populações indígenas neste país, bem como, a força de vontade destes povos em continuar lutando por seus direitos.


 


 

Fonte: Cimi Sul – Equipe Iraí
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