03/06/2005

Comissão Pastoral da Terra realizará II Congresso Nacional

 


Fidelidade ao Deus dos Pobres, a serviço dos povos da Terra


 


Reforma agrária, trabalho escravo, agroecologia e água serão alguns dos temas a serem tratados durante o II Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que se realizará na Cidade de Goiás, Goiás, de 14 a 18 de junho. O encontro vai reunir mil pessoas de todo o país, entre trabalhadores rurais, agentes da CPT, convidados, intelectuais e pesquisadores.


 


Os congressos são significativos na caminhada da Pastoral da Terra, porque são neles que os trabalhadores rurais e as comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas, dentre muitas outras, apontam o rumo e as grandes temáticas para as ações da CPT. O lema deste II Congresso revela a importância de todas estas comunidades para a vida da Pastoral da Terra: Fidelidade ao Deus dos Pobres, a serviço dos povos da Terra.


 


A Cidade de Goiás sediará o II Congresso Nacional. A escolha não foi por acaso, pois a Diocese de Goiás incorporou a Pastoral da Terra, desde o primeiro momento, e destacou-se, ao longo dos anos, pelo apoio dado às lutas e reivindicações dos trabalhadores do campo da região.


 


Programação


 


A arquitetura do II Congresso está desenhada para que as experiências dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e dos agentes de pastoral sejam a matéria-prima da reflexão a ser desenvolvida.


 


A cada dia serão apresentadas 20 experiências vindas das mais diferentes regiões do país. No dia 15 de junho, elas serão voltadas para a temática Terra, abordando questões fundiária e agrícola. No dia seguinte, as experiências serão em torno ao tema Água, e no dia 17, Direitos. Nas grandes plenárias, programadas para a parte da manhã de cada dia, serão apresentadas sínteses dos temas debatidos e os assessores convidados irão analisar e aprofundar, acentuando pontos convergentes e os desafios que esta realidade apresenta.


 


As experiências analisadas, as reflexões dos assessores, a análise da conjuntura e os debates que se realizarão indicarão os rumos para a CPT e as grandes questões que deverão ser enfrentadas por ela nos próximos quatro anos.


 


Ao lado das palestras e debates grandes momentos celebrativos marcarão o congresso, como o da abertura na praça do Chafariz, no dia 14, às 18 horas. O último momento do congresso marcará o início da II Festa da Colheita, que a Diocese de Goiás e a CPT local organizam.   


 


O primeiro Congresso


 


O I Congresso foi realizado em Bom Jesus da Lapa, Bahia, de 28 de maio a 1º de junho de 2001. A Lapa foi escolhida pelo seu significado. Situa-se num dos Estados nordestinos onde se concentra a maior proporção de trabalhadores do campo do país, 46%. Foi para  a Lapa que, em 1977, um grupo de 120 lavradores de diversos municípios do Estado da Bahia se dirigiram buscando energias para resistir à crescente onda de grilagem de suas terras, semente do que se tornou posteriormente, a Missão da Terra e depois as romarias da Terra.


 


O I Congresso acentuou a terra como espaço de vida, não simplesmente como área de produção, e a água como direito natural e inalienável, que não pode ser reduzida à mercadoria. O congresso apresentou a proposta para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de realizar uma Campanha da Fraternidade sobre a água, que se concretizou em 2004. Nele ainda se enfatizou a pessoa humana como sujeito de direitos, e como necessárias e legítimas as várias formas de luta para garantir estes direitos.


 


Os assessores


 


Análise das conjunturas mundial e nacional – dia 15 de junho


1-Emir Sader, sociólogo


2-Marcelo Barros, monge beneditino


 


Temática Terra – dia 16


1-Ariovaldo Umbelino de Oliveira, geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP)


2- Elder Andrade de Paula, do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Acre


 


Temática Água – dia 17


1-João Abner, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.


2-Cristiane Letícia Nadaletti, da direção do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB)


3- Elder Andrade de Paula, do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Acre


 


Temática Direitos – dia 18


1-Elmano Freitas, advogado


2-Jean Pierre Leroy, coordenador do Programa Brasil Sustentável e Democrático da Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) e ex-relator nacional para o meio-ambiente da Plataforma DhESCs.


 


Comissão Pastoral da Terra – CPT 30 anos


 


A Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi fundada em junho de 1975, em plena ditadura militar, como resposta à grave situação dos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia.


 


Nasceu ligada à Igreja Católica, mas logo adquiriu caráter ecumênico, tanto no sentido dos trabalhadores apoiados, quanto na incorporação de agentes de outras igrejas cristãs, destacadamente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e Metodista.


 


A CPT se define como um serviço à causa dos trabalhadores rurais, sendo um suporte para a sua organização.Os trabalhadores e trabalhadoras rurais são os protagonistas. Eles é que definem os rumos a seguir, seus objetivos e metas. A CPT os acompanha, não cegamente, mas com espírito crítico.


 


Os primeiros a receberem atenção da CPT foram os posseiros da Amazônia. Rapidamente, porém, sua ação se estendeu para todo o Brasil, pois os lavradores, onde quer que estivessem, enfrentavam sérios problemas. Desta forma, a CPT se envolveu com os atingidos pelos grandes projetos de barragens e, mais tarde, com os sem-terra. Desta ação nasceu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, mais tarde, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).


 


A CPT também apoiou e apóia os pequenos agricultores que conquistaram a terra para enfrentarem os desafios tanto da produção, quanto da comercialização. Sua ação caminha na direção do resgate das sementes crioulas e de uma agricultura limpa e que  respeite o meio ambiente. Desta preocupação nasceu o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).


 


Um outro campo de ação da CPT tem sido junto aos assalariados rurais e de modo muito particular a denúncia do trabalho escravo. A Campanha de Combate ao Trabalho Escravo se desenvolve sobretudo nos Estados onde se detecta a existência de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão e nos Estados onde se dá o aliciamento de trabalhadores. O trabalho da CPT tem sido reconhecido por órgãos tanto públicos quanto privados que atuam neste campo.


 


A CPT está organizada em todo o território nacional com uma Secretaria Nacional, em Goiânia, e 21 regionais, cobrindo todo o território nacional. A cada ano, desde 1985, publica um relatório sobre os conflitos e a violência que atingem os camponeses e camponesas, intitulado “Conflitos no Campo Brasil”. Esta publicação, bem como o banco de dados que a sustenta, são reconhecidos nacional e internacionalmente pela comunidade científica como o maior e melhor acervo sobre o tema na América Latina. Seus dados são utilizados inclusive pelos órgãos governamentais.


 


Atualmente a CPT desenvolve sua ação sobre três eixos fundamentais: Terra, Água e Direitos.


 


No eixo Terra entram tanto as questões fundiárias de acesso e distribuição da terra, quanto as questões voltadas para a produção e comercialização da agricultura dos pequenos produtores.


 


O eixo Água analisa a política de águas no Brasil, acompanha o crescimento do hidronegócio e todas as questões concernentes aos conflitos pela preservação de rios e lagos, na Amazônia, e a convivência com o semi-árido no Nordeste, onde junto com muitas outras entidades promove e participa da construção de cisternas para a captação de água de chuva.


 


No eixo Direitos, se concentram sobretudo as ações de combate ao trabalho escravo, as atividades junto aos assalariados rurais e a promoção dos Direitos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DhESCs).


 


Informações Assessoria de Comunicação da CPT


Antônio Canuto ou Maristela Vitória


Fone: 62 4008-6466 ou 4008-6406


Secretaria Nacional – Goiânia, Goiás.


www.cptnacional.org.br


 

Fonte: CPT - Nacional
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