Movimento indígena manifesta apoio à homologação de Raposa Serra do Sol em audiência com o ministro da Justiça
Os participantes do acampamento Terra Livre encontraram-se com o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, na manhã desta quinta-feira, dia 28 de abril, no Ministério da Justiça, em Brasília. Na audiência, 30 representantes indígenas manifestaram seu apoio à homologação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, e apresentaram as principais reivindicações da mobilização, que reúne até a sexta-feira, dia 29, mais de 700 lideranças, de 89 povos indígenas de todo o País em plena Esplanada dos Ministérios.
“Viemos apresentar demandas e nos propor a contribuir para solucionar os problemas”, afirmou Gersen Baniwa, secretário-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Ele disse que todos os povos indígenas brasileiros vão continuar a luta para manter a conquista histórica que foi a homologação. Em resposta, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, disse que não há nenhuma possibilidade de o governo voltar atrás na homologação em área contínua.
Na audiência, as lideranças indígenas divulgaram uma nota de apoio à homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol conforme o decreto assinado pelo presidente Lula no dia 15 de abril. “O Governo Federal e o Poder Judiciário contam com apoio de todos os setores da sociedade brasileira solidários aos povos indígenas pela homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol e seguramente irão manter a ordem pública no estado de Roraima”, afirma o texto. O documento aponta as ligações políticas entre os fazendeiros que invadiram a área, o governador de Roraima, Ottomar Pinto, e vários políticos estaduais.
“Ao contrário do que afirmam a elite política e econômica de Roraima, a presença de terras indígenas não prejudica o estado. O que de fato prejudica Roraima é a prática histórica de má administração, de grilagem de terras, de corrupção e de escândalos como o dos ‘gafanhotos’”, continua a nota. As lideranças citam ainda o clima de impunidade existente no Estado, os privilégios auferidos pelos grupos antiindígenas locais e o preconceito com que os índios têm sido tratados, a exemplo do luto oficial decretado pelo governo por conta da homologação.
“Existe uma máfia na Raposa-Serra do Sol que está usando alguns índios”, acusou Jecinaldo Barbosa Cabral Saterê-Mawé, coordenador-geral da Coiab, ao ser questionado por jornalistas sobre o apoio que alguns índios estariam dando aos produtores que invadiram a Terra Indígena. Ele ressaltou o fato de que a homologação de Raposa Serra do Sol é uma conquista de todos os povos indígenas do Brasil.
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