14/03/2005

14 de Março: Dia Internacional de Luta Contra as Barragens

Todos os anos, milhares de pessoas pelo mundo organizam manifestações na semana do dia 14 de março, para protestar contra a construção de barragens e exigir um novo modelo energético, com respeito aos rios, as populações ribeirinhas, à vida e à natureza.


 


No Brasil, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) convida a todos para se somarem aos atos que serão realizados para pedir solução para a enorme dívida social e ambiental deixada pelas usinas já construídas; e fortalecer a luta por um outro modelo energético, sem barragens.


 


Em 2004, foram realizadas ações contra as barragens em pelo menos 26 países. Agora em 2005, as atividades acontecerão durante toda a semana do 14 de março. As famílias atingidas estarão lutando pelos seus direitos fundamentais mais básicos, como comida, casa e terra para trabalhar.


 


Barragens: Ditadura contra as populações atingidas


 


Ao contrário do que acontece nas desapropriações de terras realizadas para fins de reforma agrária, o governo brasileiro e a justiça são extremamente rápidos e eficientes para realizar desapropriações com o objetivo de construir barragens.


 


Nesse caso, toda a força do Estado e da polícia é usada para expulsar as famílias atingidas de suas terras. De cada dez famílias já desalojadas, sete não receberam absolutamente nada. As poucas reparações distribuídas geralmente não são suficientes para a reconstrução da vida em outro local.


 


Veja alguns exemplos:


 


– Na barragem de Cana Brava / GO, uma família recebeu 39 reais de indenização;


 


– Na barragem de Manso / MT, foram distribuídas indenizações de 600 reais e as poucas famílias reassentadas, foram tiradas da beira do rio e largadas em áreas do cerrado impróprias para a agricultura, onde o solo é composto de 92% de arreia e não há água.


 


– Em Tucuruí / PA, 20 mil atingidos pela construção da primeira fase da usina se refugiaram na beira do lago e nas ilhas formadas pelo reservatório na década de 80. Além de não receberem nada, até hoje as famílias não têm energia elétrica. Os “linhões” passam há alguns metros das casas dos atingidos, mas levam a energia para as indústrias de alumínio Alumar e Alunorte, localizadas no Pará e Maranhão e pertencentes a multinacionais norte-americanas.


 


Dados da Comissão Mundial de Barragens, órgão ligado a ONU, revelam que um milhão de brasileiros já foram expulsos pela construção de hidrelétricas no país.


 


Hidreletricidade não é energia limpa


 


A energia produzida a partir de usinas hidrelétricas não é sustentável. Ao inundar e destruir milhares de hectares de florestas e vegetação nativa, as barragens lançam na atmosfera toneladas de gases do efeito estufa, como o gás carbônico e o metano. Esses gases são provenientes da decomposição do material orgânico inundado. Cientistas têm alertado que grandes barragens podem ter maior impacto climático por unidade de energia gerada que a geração com base em combustíveis fósseis, como as usinas a carvão.


 


Além disso, as barragens são um importante fator no rápido declínio da biodiversidade fluvial no mundo todo. No Brasil, em particular, grandes hidrelétricas como Barra Grande e Tucuruí foram construídas para abastecer a indústria do alumínio, considerada “eletrointensiva” e proibida de se instalar em países europeus e no Japão.  Essa indústria gera poucos empregos, polui o meio ambiente e recebe energia elétrica a preços subsidiados pelo governo. Tudo isso, para exportar uma matéria-prima barata para os países ricos, que eterniza nossa condição de país dependente e atrasado.


 


Alternativas Existem


 


Um novo modelo energético deve colocar a água e a energia a serviço e sob controle do povo brasileiro. Para isso, é necessário acabar com os subsídios públicos nas contas de luz das grandes empresas e garantir tarifas justas para a população mais pobre. Investimentos em eficiência energética, diminuição das perdas nas linhas de transmissão e repotencialização das usinas hidrelétricas já construídas, aliadas ao desenvolvimento das fontes alternativas (solar, eólica, biomassa, geotérmica e das mares) tornarão desnecessárias a construção de novas barragens no Brasil.


 


“Águas para a Vida, Não para a Morte”


 


Setor de Comunicação do MAB


Secretaria Nacional


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Fonte: Setor de Comunicação do MAB
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