19/01/2005

Kaiowá de Nhanderu Marangatu recebem importantes apoios

A delegação dos índios desta terra indígena, ameaçados novamente por uma ordem de reintegração de posse impetrada pelos invasores de sua terra já demarcada, que esteve em Campo Grande no dia 15 de janeiro, receberam dois importantes apoios à sua luta pela terra e paz.


 


No Fórum Sul Mato-grossense, que reuniu dezenas de entidades do movimento social do Estado, eles expuseram sua dramática situação. “Agente não entende, essa política dos branco: O ministro da Justiça reconheceu que a terra é nossa e mandou demarcar e agora vem outros, da Justiça dizendo que temos que ir embora da nossa terra demarcada”, disse a liderança Kaiowá, Adão.


 


Na oportunidade o representante do Cimi, Egon Heck, informou que não se trata de um fato isolado, mas que infelizmente no estado do Mato Grosso do Sul esta é uma situação que atinge a grande maioria das terras indígenas que estão com ações judiciais contra a regularização. Trata-se de uma conseqüência da falta de definição política clara do governo Lula de regularizar as terras indígenas e em conseqüência de uma maior pressão e articulação dos fazendeiros que conseguem que a justiça decida a seu favor.


 


Diante da gravidade dos fatos o Fórum aprovou uma moção pedindo a imediata homologação da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, bem como a regularização das demais terras indígenas no Estado “como única forma de haver justiça e paz” nesta região. Além disso, a moção pediu também o arquivamento definitivo do Projeto de Lei 188 do Senador Delcídio do PT/MS e outros, por ser inconstitucional e ter forte caráter genocida e etnocida na medida em que dificulta e até impede a demarcação de terras indígenas e, portanto, expõe essas populações ao extermínio. Também os presentes assinaram um abaixo-assinado contra esse projeto de lei.


 


Na parte da tarde uma delegação indígena Guarani-Kaiowá, dentre os quais os representantes do Nhanderu Marangatu e da Comissão de Direitos Kaiowá Guarani, foi recebida em audiência pelo governador em exercício, Egon Krakhecke. Numa conversa muito franca e tranqüila as lideranças indígenas expuseram a gravidade da situação em que vivem, especialmente na questão da terra. Após ouvi-los atentamente o governador se comprometeu em fazer gestão junto aos diversos órgãos e ministérios no sentido de que a Constituição e os direitos indígenas sejam respeitados. Ficou definido que hoje, 17/01, Egon Krakhecke estará fazendo contatos com a presidência da Funai, Ministério da Justiça e Ministério Público Federal – 6a. Câmara, em Brasília, no intuito de saber quais as providências que estão sendo tomadas.


 


Com esses apoios e a firme decisão de não mais deixar a terra onde Marçal de Souza foi assassinado brutalmente, os índios voltaram para as aldeias confiantes de que não mais continuarão sendo ameaçados e repetiram o que colocaram na carta que enviaram ao Ministro da Justiça: “Em vez de despejo é melhor matar a gente. A gente morre, morre pela nossa terra. Avisamos que tragam um trator, uma pá carregadeira. A gente fica esperando e eles cavam nossa sepultura. De mansinho, a gente não vai ver nosso patrício ser maltratado. A gente vai reagir. A gente não tem medo de defender nossa terra e lutar por nossa vida e pela sobrevivência dos nossos filhos”.


 

Fonte: Cimi - Regional Mato Grosso do Sul
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