Polícia Federal vai instalar Posto de Fiscalização na Raposa Serra do Sol
O superintendente interino da Polícia Federal em Roraima, Osmar Melo, comunicou nesta sexta-feira, 26/11, que no prazo de 15 dias, a Instituição vai instalar um posto de fiscalização permanente na Raposa Serra do Sol. A proposta atende a reivindicação do Conselho Indígena de Roraima – CIR, feita desde janeiro de 2004, quando arrozeiros e índios por eles cooptados passaram a espalhar o terror na região em ações que já incluíram seqüestro, fechamento de estradas, tentativa de homicídio e destruição de aldeias.
O Posto de Fiscalização deverá funcionar na localidade da ‘Placa’, na área central da terra indígena, com acesso rápido e direto a todas as estradas, comunidades e próximo das plantações de arroz irrigado. A instalação foi acertada em reunião da Superintendência da PF, Secretaria Estadual de Segurança e Funai, com lideranças do CIR e representantes da Sodiurr, Alidicir e Arikon, organizações ligadas aos arrozeiros.
A partir da instalação oficial do Posto deverá ser retirada a barreira na aldeia Contão, erguida pela Sodiur supostamente para impedir a entrada de estrangeiros, mas que até agora serviu apenas para constranger aliados dos indígenas que defendem a imediata homologação de Raposa Serra do Sol, em área contínua, além de ser usada como cativeiro de pessoas seqüestradas, entre elas dois servidores da Funai. Também na aldeia Contão, três missionários foram mantidos em cárcere privado por 60 horas.
A Superintendência da PF assumirá todo papel de fiscalizar e combater o ingresso de bebida alcoólica, o contrabando de drogas, combustível, material de garimpo e o furto de gado, ações que estavam sendo feito pelas comunidades coordenadas pelo CIR. O superintendente interino informou que uma equipe mista com policiais de Roraima e de outros estados manterá presença constante no Posto, em conjunto com agentes da Funai.
Mesmo sendo uma reivindicação antiga do CIR, a decisão de instalar o Posto de Fiscalização da ‘Placa’ foi tomada depois que arrozeiros e alguns indígenas atacaram e destruíram três aldeias e um retiro, no dia 23 de novembro, na região do Baixo Contigo. No ato de vandalismo e covardia foram queimadas casas, posto de saúde e escola, e o macuxi Jocivaldo Constantino foi baleado na cabeça e no braço, mas não corre perigo. (ver fotos da destruição no site www.cir.org.br).
O ataque e destruição das comunidades deixou um saldo é de 131 pessoas desabrigadas. Elas ficaram sem casas, comida, roupas e as plantações também foram destruídas. O CIR e a Diocese de Roraima fazem campanha para arrecadar roupas e alimentos para as vítimas. Em Brasília, a representação da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) também está apoiando a campanha.
A Polícia Federal instaurou inquérito policial para apurar o caso e já ouviu oito pessoas, entre elas, Jocivaldo Constantino e os tuxauas (caciques) das aldeias queimadas. Arrozeiros, fazendeiros e índios posteriormente serão convocados a prestar depoimento.
Uma comissão de líderes da Raposa Serra do Sol, formada por índios macuxi, wapichana e ingarikó está em Brasília cobrando das instituições governamentais agilidade na apuração do caso, além da imediata homologação de Raposa Serra do Sol e a retirada dos invasores. Na próxima semana, integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal visitarão as comunidades destruídas.