03/11/2004

Índios Kankuamos continuam sendo assassinados por paramilitares


Ainda sofrendo o estigma de auxiliares da guerrilha que operou muitos anos na Serra Nevada de Santa Marta, lugar conhecido por ser cativeiro de seqüestrados, os indígenas Kankuamos continuam sendo o alvo preferido de crimes dos paramilitares colombianos. Nos últimos dois anos, aproximadamente 100 Kankuamos foram assassinados, a maioria nas mãos dos paramilitares. Na última década, esse número subiu para 200, mas a arremetida paramilitar à essa etnia só começou há quatro anos.


 


O governador indígena, Jaime Arias, disse à imprensa internacional que estão buscando uma maneira pacífica e jurídica para pôr fim ao genocídio de Kankuamos e que haja reparação. No ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos impôs medidas cautelares para acabar com os homicídios, mas depois disso, segundo Arias, já ocorreram 15 casos de mortes.


 


De acordo com o Escritório do Alto Comissionado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur), seu diretor para a Colômbia, Roberto Meier, disse que o conflito colombiano deixou muitos povos indígenas vulneráveis, mas os Kankuamos são umas das vítimas principais da violência política no país contra os índios.


 


A militarização da região de Serra Nevada como medida do governo para conter os assassinatos, segundo os indígenas, não trouxe tranqüilidade. Tanto que os deslocados continuam sem voltar para o seu povo com medo de novos atos de violência por parte dos paramilitares. Da etnia de 13 mil Kankuamos, 1.000 estão deslocados de sua terra originária. Muitos permanecem em suas terras porque são impedidos de sair dos seus territórios para fugir do conflito.


 


Neste ano, 60 nativos foram vítimas de mortes violentas. Calcula-se que os indígenas na Colômbia são cerca de 800 mil0. Em agosto último, o coordenador do programa de direitos humanos da Organização Indígena Kankuama foi assassinado com arma de fogo no centro urbano de Valledupar. Michael Frühling, da Acnur, afirmou à imprensa que Arias se distinguia pelo seu trabalho com os direitos humanos e era um conhecido líder de uma população indígena para qual foram outorgadas medidas provisionais por parte da Corte Interamericana de Direitos Humanos para que “o Estado colombiano adotasse de forma imediata as medidas necessárias para proteger a vida e a integridade dos membros desse povo indígena”.

 

Fonte: Adital
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