10/09/2004

Professores indígenas reunidos em Rondônia

Entre os dias 31 de maio a 05 de junho, professores de mais de dez povos indígenas estiveram reunidos para debater os caminhos e desafios da educação.


O encontro, Políticas Públicas e Educação Indígena, articulado pela OPIRON (Organização dos professores Indígenas de Rondônia), com o apoio do Conselho Indígenista de Rondônia (RO), ocorreu no Centro de Treinamento São José em Guajará Mirim/RO.


Participaram dos debates lideranças e Professores indígenas dos povos: Oro Não’, Oro At, Oro Waram Xijein, Oro Waram, Oro Mon, Oro Eo, Cão Oro Waje, Oro Win, Macurap, Jaboti, Cabixi, Canoé, Arua.


No encontro, que contou com a assessoria do CIMI/RO, Eliene Amorim do Centro de Cultura Luiz Freire de Pernambuco e Agnaldo Xukuru de Pesqueira, Pernambuco, foram discutidas as temáticas da educação e do movimento e organização indígena.


Sobre educação, a reflexão se deu de forma participativa, buscando intensificar a compreensão e afirmação da escola como um instrumento importante para fortalecer a luta pela terra, pela saúde, além de reafirmar as tradições e costumes dos povos.


No entendimento dos professores, a educação deve estar a serviço do povo, da cultura, da língua e deve contemplar o jeito de ensinar de cada grupo étnico.


No que se refere ao movimento e organizações indígenas foram destacadas a importância da união entre os povos de Rondônia. No debate os participantes concluíram que para se ter um movimento indígena é necessário: não perder o contato com as bases; manter-se informados das políticas dos não-índios; manter-se articulado com os povos indígenas do Brasil; as lutas devem estar sempre articuladas: educação, saúde e terra; o movimento dos professores não é um sindicato, mas um movimento pela educação onde participa o professor, as lideranças e a comunidade.


Os conteúdos e as reflexões trouxeram uma maior consciência de compromisso e responsabilidade quanto ao papel do professor junto à comunidade como pesquisador e motivador do processo de construção da Escola/ Povo, porque o compromisso vai além da escola é a vida do povo.


Como afirmaram os professores indígenas “É preciso manter vivo o projeto de vida de cada povo, para isto é importante fazer uso da grande arma que estamos manuseando na defesa de nossos direitos que é a escrita”.


Reflexões sobre os desafios da educação


Hoje a sociedade não índia esquece que os povos indígenas tinham no passado, antes da escola não tinha a escrita, mas possuíam e possuem um conhecimento milenar, repassado geração após geração através da oralidade.


A educação de qualquer povo tem como função transmitir saberes, valores, crenças comportamentos. Deve acontecer em espaço e tempo determinados e contar com seus próprios autores e personagens protagonistas. A escola indígena, por sua vez, também tem seus conteúdos, seu espaço e tempo.


É preciso ter cuidado para que a escola não substitua a educação própria de cada de povo. Para se ter uma escola realmente indígena é preciso conhecer e identificar os elementos da educação de cada povo porque a escola diferenciada não é só uma questão de conteúdos interculturais é necessário considerar o espaço, o tempo, a organização e a metodologia de ensino aprendizagem, as pessoas, para que nesse sistema possa se identificar o lugar da escola.


Publicado no Jornal Porantim – edição 266

Fonte: Cimi Rondônia
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