15/07/2004

Líderes sindicais, populares e ambientalistas apóiam Raposa Serra do Sol

 


Líderes sindicais, populares e ambientalistas apóiam Raposa Serra do Sol


 


No dia 8 de julho, uma caravana com 63 lideranças sindicais, populares e ambientalistas visitou a TI Raposa Serra do Sol para manifestar apoio à construção da aldeia Novo Jauari, que tem a intenção de conter o avanço das lavouras de arroz irrigado na terra indígena. A caravana foi organizada pelo Movimento Nós Existimos com o objetivo de fortalecer a aliança entre os povos indígenas e os trabalhadores rurais e urbanos de Roraima.


A experiência do diálogo entre índios, operários urbanos e trabalhadores rurais vem fortalecendo os três segmentos e unificando a luta pela terra e por outros direitos fundamentais. O tuxaua Irineu Aniceto, recepcionou a caravana solicitando que os ‘brancos’ entendessem o “jeito de viver” dos índios. “Somos diferentes das pessoas do dinheiro”, explicou.


João Carlos Martinéz, coordenador do Movimento Nós Existimos, disse que a intenção da visita foi mostrar aos povos indígenas que eles não estão sós. “A luta de vocês pelos próprios direitos é um exemplo para todo o movimento social de Roraima. Vocês não estão sós, essa visita é para dizer isso”, comentou. 


Para Lúcia Glória Magalhães, presidenta da Central Única dos Trabalhadores – CUT/RR, é possível construir um caminho de paz para unificar a luta e enfrentar as agressões aos direitos indígenas e a destruição do meio ambiente. Durante o encontro em Novo Jauari, Lucia reafirmou o apoio do movimento sindical aos indígenas.


“Quando a gente constata essa destruição praticada pelos arrozeiros, principalmente a contaminação da água – tudo isso aqui ao lado da casa de vocês – aumenta a nossa revolta e responsabilidade, porque a luta de vocês é uma luta justa”, disse a presidenta.


O secretário geral do Grupo de Trabalho Amazônico – GTA, Adilson Vieira, ficou impressionado com o impacto ambiental causada pelas lavouras de arroz. “Será que tudo isso tem licença ambiental? Vamos mobilizar toda a rede GTA para cobrar uma fiscalização do Ministério do Meio Ambiente”, comprometeu-se.


O tuxaua Nelino Galé, lembrou que apesar das Liminares da Justiça manterem a redução de Raposa Serra do Sol, os povos indígenas vão continuar ocupando a área com retiros e comunidades. “Aqui é a nossa terra, não queremos voltar a ser escravos. Aqui nós temos a nossa ‘liminar’, a liminar do índio é viver na terra. Levem essa notícia para os outros ‘brancos”, disse o líder macuxi.


Emocionado, o coordenador regional do Conselho Indígena de Roraima, Marinaldo Justino Trajano,  disse que a visita dos trabalhadores rurais e urbanos à comunidade Novo Jauari “encorajava a luta dos povos indígenas da Raposa Serra do Sol”.


A caravana formada por líderes sindicais, populares e ambientalistas de oito municípios do estado de Roraima visitou cerca de 200 indígenas na aldeia Novo Jauari e outros 260 na aldeia São Francisco. No trajeto de uma aldeia à outra, a caravana cruzou três lavouras de arroz irrigado, instaladas na margem esquerda do rio Cotingo.


 


Conselho Indígena de Roraima


14 de julho de 2004

Fonte: CIR - Conselho Indígena de Roraima
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