Em nota, Univaja repudia ação policial contra manifestantes indígenas em Brasília
Os manifestantes participavam de forma pacífica da marcha que integra a programação do Acampamento Terra Livre, mas foram surpreendidos por ação policial

Os manifestantes participavam de forma pacífica da marcha que integra a programação do Acampamento Terra Livre, mas foram surpreendidos por ação policial. Foto: Guilherme Cavalli/Cimi
A União do Povos Indígenas do Brasil (Univaja) manifestou-se em nota esta manhã (10) sobre a ação policial que feriu manifestantes indígenas que participavam da marcha “A Resposta Somos Nós”, realizada na tarde de ontem (10).
A marcha, em protesto à Lei 14.701/2023 e a Mesa de Conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, integrava a programação do Acampamento Terra Livre (ATL) e se deu durante todo o seu trajeto de forma pacífica.
Os manifestantes, que portavam apenas instrumentos ritualísticos, utilizados em cantos e rezas, desciam em direção ao Congresso Nacional e não tiveram acesso impedido até o gramado da sede parlamentar. A passagem dos indígenas ocorreu de forma espontânea, sem qualquer ato de violência, depredação ou rompimento de barreira.
A polícia, no entanto, para dispersar os indígenas utilizou bombas de luz e som e gás lacrimogêneo. Alguns deles desmaiaram em decorrência do gás e precisaram de atendimento. A deputada deferal Célia Xacriabá (PSOL) também presente na manifestação foi uma das pessoas atingidas pelas bombas.
Para as lideranças, a ação foi desproporcional e exigem providências das autoridades na apuração de excessos das forças policiais.
Confira a nota na íntegra:
Nota
A União do Povos Indígenas do Brasil (UNIVAJA) repudia de forma veemente os atos de violência cometidos pelo Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) na tarde desta quinta-feira, 10, durante a marcha “A Resposta Somos Nós”, que faz parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL).
Tais atos são mais uma evidência do modus operandi contra os povos indígenas por parte das forças de segurança do país, mais um ato em um histórico de 500 anos de violência contra os povos originários que deveriam ser reconhecidos como verdadeiros donos desta terra, pois aqui estavam quando o Brasil foi invadido pelos colonizadores.
Lamentamos profundamente o uso de armas químicas contra os manifestantes e nos solidarizamos com eles, em especial com a deputada Célia Xakriabá (PSOL) que, mesmo sendo uma autoridade eleita também foi atingida.
Há evidências, amplamente divulgadas pela imprensa, de que estas ações são institucionalizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP- DF), portanto mais do que respeito ao direito democrático de manifestação realizado ontem, exigimos que isto seja investigado com rigor pelas autoridades competentes.
Confiamos na democracia e que haverá mudanças de atitudes nas instituições públicas brasileiras, pois somente assim é possível mudar e melhorar o futuro do Brasil adicionando a ele toda a história a sabedoria dos povos originários.
UNIVAJA
Brasília, 11 de abril de 2025