“Realizar o primeiro encontro de todos os professores indígenas que atuam nas escolas de nosso território para nos reconhecermos e nos organizarmos enquanto categoria profissional”. Essa foi a proposta do I Encontro de Educação Escolar Indígena do Xingu, que envolveu cerca de 350 pessoas, de 21 a 26 de novembro.

Durante os quatro dias na Terra Indígena Xingu (TIX), o diálogo somou lideranças, professores e historiadores, de forma a compartilhar histórias, conquistas e desafios, fortalecendo a autodeterminação na educação escolar indígena diferenciada e de qualidade. O evento fez um resgate da memória da educação escolarizada, promoveu o intercâmbio de experiências pedagógicas que valorizam os conhecimentos e a cultura indígena e trouxe debates sobre os desafios impostos nessa relação entre povos indígenas e políticas de Estado.

Este ano, somaram-se 13 povos, vindos de 41 aldeias em 4 territórios, para promover um encontro entre todos estes profissionais. Com todas as gerações de profissionais hoje em atuação nos territórios compartilhando suas histórias, foi possível:

“O I Encontro da Educação Escolar Indígena da TIX é uma vontade nossa desde 2010, com a Pactuação do Território Etnoeducacional do Xingu (TEEX)”, relataram os organizadores do evento. “Esta pactuação ocorreu logo após termos realizado a primeira Conferência Regional em nosso território, momento em que reunimos representantes dos professores, lideranças tradicionais, pais, mães, alunos e representantes dos órgãos públicos e organizações parceiras do campo da educação escolar indígena e vivenciamos a força das partilhas feitas por todos”.

Desde o início da implantação da educação escolar indígena no território, na década de 1980, é a primeira vez que os professores indígenas da região estão se reunindo para abordar a temática da educação escolarizada. Mesmo contando com professores formados, mestres e doutores em diferentes áreas, nunca tiveram a oportunidade de realizar um encontro que unificasse as diferentes realidades do Xingu.

A primeira turma formada em magistério indígena intercultural aconteceu em 2001, através do Projeto Urucum Pedra Brilhante, realizado pelo Instituto Socioambiental. Foram 47 indígenas, de 14 povos, que inauguraram esta frente da educação escolar indígena diferenciada. Destes, 39 ingressaram no primeiro Curso de Licenciatura Intercultural da Universidade Estadual de Mato Grosso. Atualmente, estima-se que atuam como professores indígenas aproximadamente 250 professores formados ou em formação, em diversas áreas e níveis de escolaridade.

O evento foi realizado pela Associação Terra Indígena Xingu, com apoio da Funai, Instituto Aritana, Instituto Socioambiental, Projeto Xingu, Fundo Casa Socioambiental, Prefeitura de Querência (MT) e Feliz Natal (MT).