Em sua oitava edição, curso de Culturas e Histórias Indígenas inicia atividades com recorde de inscrições
O interesse pelo curso e pela temática indígena é indicado pelo maior número de inscrições, quase 600; a conclusão do curso será no dia 23 de novembro deste ano
Há oito anos a parceria constituída pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) realiza o curso de Histórias e Culturas Indígenas. “Um sonho que há oito anos se realiza”, celebra Marline Dassoler, missionária do Cimi Regional Sul e uma das coordenadoras do curso.
Iniciado na última segunda-feira (16), o curso que ocorre desde a quinta edição no modo online, reúne participantes das mais diversas regiões do país e atuações profissionais, “Os alunos são de diferentes formações acadêmicas, indo do Direito, em sua maioria, à Biologia, Biblioteconomia, História, Letras, Comunicação Social, dentre outras”, relata a coordenadora.
“Os alunos são de diferentes formações acadêmicas, indo do Direito, em sua maioria, à Biologia, Biblioteconomia, História, Letras, Comunicação Social, dentre outras”
Essa diversidade de formações dos participantes reflete nas várias motivações que os levam a buscar o curso. Mas, para Marline, há uma razão comum de reparação e dever histórico junto aos povos indígenas que os mobilizam a realizá-lo. “A grande maioria manifesta a necessidade de adquirir conhecimentos, trocar experiências, além de conhecer sobre a luta dos povos indígenas para contribuir no rompimento de preconceitos, racismos e violências”, considera.
Realizado pela primeira vez em 2016, o curso foi concebido com o intuito de formar multiplicadores para abordagem da temática indígena em seus mais diversos contextos de atuação. Os objetivos do curso se voltam também para implementação da lei 11.645/2008, que determina a obrigatoriedade do estudo de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas e privadas do país.
“A grande maioria manifesta a necessidade de adquirir conhecimentos, trocar experiências, além de conhecer sobre a luta dos povos indígenas para contribuir no rompimento de preconceitos, racismos e violências”
“O curso é um espaço de formação com pessoas da sociedade de diferentes profissões e de diferentes inserções no âmbito social, sendo muitos educadores populares. Mas todas as pessoas bastante envolvidas, que são difusoras de novos conhecimentos e que têm esse potencial de serem difusores desses conhecimentos na sociedade”, explica Clóvis Brighenti, também coordenador do curso e professor da disciplina de História das sociedades Indígenas e da América Latina.
“O curso é um espaço de formação com pessoas da sociedade de diferentes profissões e de diferentes inserções no âmbito social, sendo muitos educadores populares”
Aumento de inscritos
Entre 2019 e 2023, houve um aumento significativo do número de inscritos no curso. O total de inscrições deste ano foi de 566 candidatos, mais que o dobro do número de inscritos em 2019, último ano em que o curso ocorreu na modalidade presencial, com um registro de 268 inscrições. “A cada ano a procura e os interessados pela temática indígena cresce. Em 2023, batemos o recorde de inscrições, 566 inscritos de todo o Brasil e de alguns países da América Latina”, relata a coordenadora.
Apesar do curso ter assumido a modalidade online a partir de 2020, na época em razão da pandemia, o maior interesse pela formação em História e Culturas Indígenas não pode ser explicado apenas pela mudança em seu formato.
“A cada ano a procura e os interessados pela temática indígena cresce. Em 2023, batemos o recorde de inscrições, 566 inscritos de todo o Brasil e de alguns países da América Latina”
Para a coordenadora, a maior procura deve ser compreendida dentro de um conjunto de fatores que vai desde um aumento de interesse pela pauta indígena até “por um interesse maior nas questões indígenas a partir da visão do Cimi, como entidade reconhecida e valorizada pela forma de condução e de divulgação da causa indígena. As nossas lentes são lentes que trazem a realidade da causa indígena, ou seja, como ela é, valorizando o protagonismo, a autonomia e as culturas dos diferentes povos indígenas”, explica.
O curso é gratuito e disponibiliza 60 vagas para candidatos indígenas e não-indígenas, sendo voltado principalmente para pessoas ligadas a movimentos e pastorais sociais, estudantes, professores, educadores, lideranças indígenas e operadores de Direito. Nesta edição, cinco estudantes indígenas participam do curso.
“As nossas lentes são lentes que trazem a realidade da causa indígena, ou seja, como ela é, valorizando o protagonismo, a autonomia e as culturas dos diferentes povos indígenas”
O número de vagas é definido também pela capacidade de interlocução que um curso, no modo remoto, permite. “O curso não abre tantas vagas, porque a intenção é que seja um curso que você possa dialogar com os cursistas. Não é simplesmente despejar conteúdo para um público amplo e emitir certificados, mas é, de fato, contribuir com a formação de pessoas vinculadas, interessadas ou que participam da temática indígena”, pondera Clóvis.
O curso segue até o dia 23 de novembro. As atividades serão realizadas pela internet por meio de aulas síncronas (ao vivo), realizadas de segunda a sexta-feira, das 19h às 21h30.