Nesta semana, o povo Tapuia do Carretão, de Goiás, desembarcou no Agreste pernambucano para participar da 23ª Assembleia do Povo Xukuru do Ororubá. O encontro ocorreu na aldeia Pedra D’água, em Pesqueira (PE), entre os dias 17 e 20 de maio. O tema definido para esta edição é “Limolaygo Toype: preparando mentes para espalhar sementes”.

A assembleia tem como objetivo promover debates, análises, celebrações religiosas e apresentações culturais. A ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a deputada federal Célia Xakriabá (Psol/MG) e o Secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, participaram do encontro. Organizações indígenas e indigenistas, além de apoiadoras da causa, também estiveram presentes – incluindo representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Essa já é a quinta vez que Cimi Regional Goiás/Tocantins acompanha os Tapuia do Carretão na assembleia do povo Xukuru do Ororubá. Na ocasião, os indígenas têm a possibilidade de realizar um intercâmbio cultural, espiritual e também político – a partir das particularidades de cada povo.

Essa troca permite que as lideranças presentes entendam o processo de luta, de conquistas de direitos e, até mesmo, as estratégias de resistência de diferentes povos perante os ataques aos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988 – como o direito à saúde, à educação (Educação Escolar Indígena específica e diferenciada) e ao território.

Para o vice-cacique Welington, liderança Tapuia, esse “é um momento muito importante” para o seu povo. “Por meio da Assembleia, conseguimos reatualizar a cultura Tapuia, uma vez que a nossa cultura um dia quase foi dizimada. A importância de estar com os Xukuru é pela questão da ancestralidade, da cultura viva, da cultura corporal, das danças, ritos e religiosidade”.

“Por meio da Assembleia, conseguimos reatualizar a cultura Tapuia, uma vez que a nossa cultura um dia quase foi dizimada”

“Quanto vice-cacique do meu povo, vejo que é muito importante a nossa participação nesse momento. Um dos aspectos que mais nos marca em relação à organização de nossos parentes Xukuru é a força política que eles têm em relação à retificação de demandas. Para o meu povo, é muito importante as técnicas de política e discussões políticas internas. Mas o que prevalece muito é a questão da cultura viva”, completa.