03/02/2023

Maitowa: o homem do contato

Maitowa Enawenê, ancião que esteve no cartaz da Semana dos Povos Indígenas de 2018 do Cimi, encantou nesta semana no Mato Grosso; Maitowa esteve no contato com Thomaz de A. Lisboa e Vicente Cañas

Maitowa Enawenê, do povo Enawenê Nawê, no Mato Grosso, registro de 2018. Foto: Guilherme Cavalli /Cimi

Maitowa Enawenê, do povo Enawenê Nawê, no Mato Grosso, registro de 2018. Foto: Guilherme Cavalli /Cimi

Por Fausto Campoli

Ele está próximo do rio, ouve um som estranho, afinal ele é de um povo isolado. Aqueles que o acompanham se distanciam. Ele permanece, pois a curiosidade o instiga.

Maitowa fica até ver o barco a motor e seus ocupantes, tornar-se bem visíveis e gritar: “Nowaka Nato, Dawati Dakolata Nowaini” – em tradução para o português “Estou aqui, tragam-me machado”.

O natural em tais circunstâncias seria ficar de tocaia, estudando o movimento dos “agressores”. Depois de se mostrar, Maitowa foge, mas deixa rastros visíveis aos indígenas que participavam da expedição de contato.

Ao chegar à aldeia e relatar o ocorrido, as poucas mulheres que estavam na aldeia o repreenderam: “agora eles vão chegar aqui!”

Nesta ocasião os homens acompanhados de suas famílias batiam timbó, cumprindo funções ritualísticas. Só permaneciam na aldeia poucas mulheres e Lalore, que foi o único sobrevivente de poliomielite adquirida na Linha Telegráfica, quando pegaram roupas dos trabalhadores.

As poucas mulheres que estavam na aldeia, sabiamente, fugiram ao encontro dos homens que batiam timbó.

Isto permitiu a Thomaz de Aquino Lisboa e Vicente Cañas, acompanhados de Okydyba e Zapema (Rikbaktsa), ter a oportunidade de ao chegar à aldeia ter o contato cuidadosa com Lalore, e por consequência um contato amistoso com os membros da expedição.

Para aqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo a característica da simpatia, do riso fácil e da gargalhada contagiante são as mexas que ficarão.

Maitowa, percorra os mundos espirituais de seus ancestrais sendo exigente na busca da harmonia, como apregoa sua cultura.

Foi um privilégio tê-lo conhecido e compartilhado de sua contagiante alegria.

Vá em paz, meu velho!

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