“Ato de covardia, um crime”: denuncia o povo Guarasugwe sobre agressão física e ameaça de morte contra Ângelo Mansilla
Ângelo foi atacado na cabeça enquanto pescava no rio Guaporé; Em Nota o povo denuncia e repudia as agressões, ao mesmos tempo cobra justiça
Em nota divulgada no domingo, 26 de fevereiro, o povo Guarasugwe denuncia as agressões físicas e ameaça de morte contra Ângelo Mansilla Guarasugwe, da comunidade Yaharerupa, em Pimenteiras do Oeste, Rondônia. O indígena foi atacado no sábado, 25 de fevereiro, enquanto pescava no rio Guaporé para alimentar a família. Ângelo foi atacado com um remo de pesca, com golpes na cabeça e no corpo. As agressões foram desferidas pelo pescador e guia de barco, Lindovan dos Santos, como consta no documento.
“Ressaltamos que o indígena é indígena em qualquer lugar”
“Repudiamos este ato com nosso povo, que vem sendo atacado diariamente por parte do Estado brasileiro. Hoje, em específico por um não indígena atacando um dos nossos parentes, com golpes de madeira e xenofobia por se tratar de um povo transfronteiriço”, listam os indígenas. “Ressaltamos que o indígena é indígena em qualquer lugar”, reforçam os Guarasugwe.
No documento, o povo também exige justiça e a punição ao agressor, um “ato de covardia, um crime”. As lideranças também denunciaram ao Ministério Público Federal (MPF) as ações e cobram providencias por parte do Estado.
Confira a Nota na integra, aqui.
NOTA DE REPÚDIO URGENTE
Nós da Comunidade Indígena YAKARERUPA, do povo Guarasugwe de Pimenteiras do Oeste, Costa Marques, São Francisco, Porto Velhos e Bella Vista, Rondônia, vimos à publico denunciar e repudiar, veementemente, a agressão física e ameaça de morte contra o indígena Ângelo Mansilla Guarasugwe, que foi brutamente atacado a traição com remadas na cabeça, no corpo, pelo pescador e guia de barco Lindovan dos Santos, que achado ser o dono do rio atacou covardemente. O fato ocorreu na data do dia 25/02/2023, por volta de 13:00 horas da tarde. Ângelo estava pescando para a alimentação de sua família na beira do rio Guaporé, na fronteira entre Brasil e Bolívia, quando foi surpreendido por Lindovan com xingamentos e expulsando-o e dizendo: “sai daqui, da minha picada, aqui é meu, foi eu quem fiz, seu filha da puta, boliviano. Não sei que essas pragas fazem aqui, esses bandos de bolivianos desgraçados filho do cão”. Ângelo disse: “tá bom, já estou saindo daqui”. Quando deu as constas foi surpreendido por golpes de remo na cabeça e agressões pelo resto do corpo, golpes deferidos pelo Lindovan.
Este ato de covardia é um crime, correu na cidade de Pimenteiras do Oeste, no estado de Rondônia, com um indígena do povo Guarasugwe. O povo Guarasugwe é um dos povos do estado de Rondônia que luta incansavelmente pela demarcação do território tradicional Guarasugwe, o YAKARERUPA, que fica localizado na Região Sul do estado de Rondônia, no município de Pimenteiras do Oeste-RO.
O indígena Ângelo, estava pescando para alimentação de sua família, em um rio que passa no meio do território tradicional do povo Guarasugwe, o rio não é propriedade privada e nenhum pescador não indígena. O rio Guaporé é de Direito Originário dos Povos Indígenas que ali vivem. Ângelo não estava invadindo nada de ninguém, ele estava ocupando um espaço que é seu de Direito Originário, povoas indígenas são os primeiros habitantes deste país, chamado Brasil.
Nós da comunidade indígenas YAHARERUPA GUAEASUGWE, repudiamos este ato com nosso povo, que vem sendo atacado diariamente por parte do Estado brasileiro. Hoje, em especifico por um não indígena atacando um dos nossos parentes, com golpes de madeira e xenofobia por se tratar de um povo transfronteiriço. Ressaltamos que o indígena é indígena em qualquer lugar. Exigimos justiça para que nosso parente Ângelo Guarasugwe e a punição ao agressor, Lindovan dos Santos, que vive na cidade de Pimenteiras do oeste, antes de ser cidade toda aquela área pertencia ao povo indígena Guarasugwe, não fomos nós que invadimos a sociedade não indígena que são os invasores.
Pimenteiras do Oeste – Rondônia, 26 de fevereiro de 2013.