9 de Agosto: dia de repúdio contra as violências perpetuadas e contra a omissão do Estado com sua política genocida e integracionista
Na semana em que é celebrado o Dia Internacional dos Povos indígenas, Cimi realizando o lançamento o primeiro vídeo didático sobre as teses jurídicas; o produção compõe a “Campanha contra o marco temporal”
“O povo indígena tem um jeito de pensar, tem um jeito de viver, tem condições fundamentais para sua existência e para a manifestação da sua tradição, da sua vida e da sua cultura, que não coloca em risco e que nunca colocaram a existência sequer dos animais que vivem ao redor das áreas indígenas, quanto mais de outros seres humanos (…), [mas é] o povo indígena [que] tem regado com sangue cada hectare dos 8 milhões de quilômetros quadrados do Brasil”, disse Ailton Krenak durante a Assembleia Constituinte em 1987, em Brasília, quando foi redigida a lei fundamental da então recém recuperada democracia brasileira. Em seu discurso histórico na tribuna, vestido com um terno branco, Krenak pintou o rosto com tinta preta para protestar contra os que consideravam um retrocesso a luta pelos direitos indígenas.
E é com outro discurso de Krenak, também de 1987, com reinvindicações infelizmente atemporais, que iniciamos o vídeo que homenageia os povos originários nesta importante data – 9 de agosto. Um vídeo que lembra que o Dia Internacional dos Povos Indígenas é bem mais que um dia de luta e resistência contra os mais de 500 anos de violência vividas. É dia de reforçar exaustivamente que os direitos dos povos originários precisam ser, enfim, respeitados.
Hoje, 34 anos após a promulgação da Constituição de 1988, duas em cada três terras indígenas ainda estão com os seus processos de demarcação travados, deixando milhares de famílias expostas a todo tipo de violência e desproteção. A raiz do país que somos é plural, mas a terra, onde essas raízes se mantêm vivas, está ameaçada, pois vivenciamos o extermínio deliberado de comunidades, de suas culturas e do meio ambiente. Para os povos indígenas, o território é o sustento do corpo e do sagrado. Cada palmo de terra é um pedaço da história, da cultura e do lar desses povos. A terra são eles e eles são a terra.
Aqueles que colocam o lucro acima da vida, continuam dizendo que as terras indígenas são um atraso para o setor produtivo brasileiro, mas esse é o ponto de vista de quem semeia ganância, garimpa exploração, colhe lucro e deixa pra traz uma conta escrita com fome, sede e sangue brasileiro. Onde gananciosos enxergam oportunidades, nós enxergamos direito, onde eles vêm lucro, nós vemos história, onde eles semeiam a destruição, nós colhemos morada, o que eles chamam de marco temporal, nós chamamos de morte, o que eles chamam de propriedade, nós chamamos de casa.
Está em jogo o futuro de todos os povos indígenas e, com eles, o futuro de todos nós. Esse é o momento para reafirmarmos que o direito dos povos indígenas aos seus territórios é originário, como a sociedade brasileira determinou em nossa Constituição, e assim superar de vez a falácia do marco temporal.
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