Aty Guasu e Movimentos Sociais repudiam o despejo ilegal das famílias indígenas na retomada do tekoha Laranjeira Nhanderu, no MS
A ordem de despejo foi executada pela Polícia Militar no sábado, 26, deixando indígenas feriados; os Guarani e Kaiowá haviam retomado uma área do tekoha Laranjeira Nhanderu naquele dia
Em nota de repúdio conjunta, a Aty Guasu – a Grande assembleia Guarani e Kaiowá, e mais de 140 organizações e movimentos sociais, indígenas e indigenistas se pronunciaram nesta terça-feira, 1º de março, denunciando o despejo ilegal das famílias indígenas Guarani e Kaiowá na retomado de uma parte de seu território ancestral de Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul. Denunciam ainda, uso da força desproporcional empenhada pela tropa de choque da Polícia Militar, que se deslocou sem mandado da capital Campo Grande. A ação deixou pelo menos três indígenas feridos.
Conforme o documento, os indígenas “ocuparam na pratica além de uma pequena porção territorial a sede da fazenda Inho – que está sobretudo localizada dentro do Território Indígena em reivindicação”. O fazendeiro em questão responde judicialmente por despejos aéreos de agrotóxico contra a aldeia e há tempo impede que os Guarani e Kaiowá plantar suas sementes e ramas, mesmo em períodos de fome.
“Denunciamos o despejo ilegal das famílias indígenas Guarani e Kaiowá na retomado de uma parte de seu território ancestral de Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul”
“A retomada foi uma reação à iniciativa do próprio fazendeiro junto a políticos e agentes de sindicatos patronais locais de criar um assentamento rural dentro da terra indígena – ação ilegal tem o objetivo de prejudicar o processo demarcatório”, consta a Nota. A retomada do território tradicional Guarani e Kaiowá e as razões pelos quais os indígenas optam pela ação, foram amplamente divulgadas.
Os indígenas vêm denunciando há meses a utilização da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER) e do Crédito Fundiário, por parte das forças do agronegócio, com o desígnio de usar pessoas em situação de vulnerabilidade como motivação para assediar a Terra Indígena, em ato intencional e premeditado. A ação ilegal e violenta da tropa de choque da Polícia Militar tem sido denunciada pelos indígenas e organizações parceiras da causa indígena.
“Os indígenas vêm denunciando há meses a utilização da AGRAER e do Crédito Fundiário, por parte das forças do agronegócio, com o desígnio de usar pessoas em situação de vulnerabilidade para assediar a TI”
Além de denunciar a pratica já recorrente de uso de forca pública para fins privados, a “Aty Guasu e o conjunto de movimentos sociais e organizações que assinam esta carta se une à voz da Comunidade de Laranjeira Nhanderu, que EXIGE a imediata responsabilização do Governo do Estado do MS [Mato Grosso do Sul] pela ação e que o Ministério Público Federal tome todas as atitudes cabíveis em relação ao comando da PM [Polícia Militar], do BOPE e de todos que agiram ilegalmente contra esta comunidade”, destaca o documento.
“Aty Guasu e o conjunto de movimentos sociais e organizações exigem a imediata responsabilização do Governo do estado pela ação e que o MPF tome todas as atitudes cabíveis em relação ao comando da PM”
Confira a carta na integra, em anexo, ou baixe o PDF aqui:
NOTA DA GRANDE ASSEMBLEIA DA ATY GUASU E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS EM REPUDIO AO DESPEJO ILEGAL, PROMOVIDO PELO ESTADO, ATRAVES DA POLICIA MILITAR, CONTRA FAMILIAS KAIOWA E GUARANI DE LARANJEIRA NHANDERU NO MUNICIPIO DE RIO BRILHANTE – MS
No Mato Grosso do Sul opera uma Força Pública de Segurança ou uma Milícia Privada com orçamento e gestão Pública?
No último sábado, dia 26, cerca de 20 indígenas Kaiowá e Guarani retomaram uma parte de seu território ancestral de Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante (MS). Ocuparam na pratica além de uma pequena porção territorial a sede da fazenda Inho – que está sobretudo localizada dentro do Território Indígena em reivindicação. O fazendeiro é um antigo conhecido dos Indígenas, responde judicialmente por despejos aéreos de agrotóxico contra a aldeia e há muito impede que os Kaiowá possam plantar suas sementes e ramas mesmo em períodos de fome.
Os indígenas deixaram claro que a retomada foi uma reação à iniciativa do próprio fazendeiro junto a políticos e agentes de sindicatos patronais locais de criar um assentamento rural dentro da terra indígena – ação ilegal que tem o objetivo de prejudicar o processo demarcatório.
Há meses os Kaiowá vêm denunciando a utilização da AGRAER, e do Crédito Fundiário, por parte das forças do agronegócio, no intuito de utilizar pessoas em situação de vulnerabilidade como motivação para assediar a Terra Indígena, em ato intencional e premeditado.
Após diversas ameaças proferidas pelo fazendeiro, políticos de Rio Brilhante e demais “leões de chácara“ os indígenas sofreram uma ação de despejo ilegal por parte da tropa de choque da Policia Militar, que se deslocou sem mandado da capital Campo Grande, a 160 km do local.
A exemplo do que aconteceu recentemente contra indígenas Kinikinau, a ação policial não se deu em cumprimento de uma ordem de reintegração de posse. Foi, mais uma vez, o Estado tomando partido a favor de um particular, no caso o proprietário rural, e em desfavor de uma comunidade indígena que possuía pauta legitima, estava denunciando abusos contra seu povo e reivindicando a demarcação de seu território, um direito concreto e previsto na constituição.
A força de Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, paga com recursos públicos, agiu em favor de interesses privados e sem amparo da Constituição Federal de 1988, a qual definiu que as questões indígenas são de responsabilidade da União federal.
A ação ilegal e arbitrária, ainda teve tons piores. Servidores da FUNAI foram constrangidos e humilhados pelo destacamento da PM que os impediu de dialogar com os indígenas buscando uma resolução pacifica e dentro da lei para a situação. Os servidores do órgão foram hostilizados, receberam ordem para deitar no chão e mesmo alertando o tempo todo sobre a ilegalidade do processo, tiveram de assistir ao despejo impotentes e inertes.
Como se pode notar, as forças de segurança pública agiram no arrepio da Lei e/ou contra a Lei Maior. Como pode? Quem deu a ordem, sobre qual justificativa?
Como é possível ainda a utilização do Estado em estratégias que visem colocar camponeses contra indígenas e que pretendam prejudicar processos de demarcação de Terras Indígenas, como no caso citado nesta carta?
A Grande Assembleia da Aty Guasu e o conjunto de movimentos sociais e organizações que assinam esta carta vem denunciar a pratica já recorrente de uso de forca pública para fins privados e se une a voz da Comunidade de Laranjeira Nhanderu que EXIGE a imediata responsabilização do Governo do Estado do MS pela ação e que o Ministério Público Federal tome todas as atitudes cabíveis em relação ao comando da PM, do BOPE e de todos que agiram ilegalmente contra esta comunidade.
ASSINAM:
- Aty Guasu – Grande Assembleia Guarani e Kaiowa
- Abong- Associação Brasileira de ONGs
- Acadêmicos do Teko Arandu UFGD
- ADUF – DOURADOS
- ADUFMS – Seção Sindical ANDES – Associação dos Docentes da UFMS
- ADUFMS – Seção Sindical do Andes SN
- Amigos da Terra Brasil
- Apoms
- Articulação dos povos Indígena do Brasil (APIB)
- Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul – ARPINSUL
- Articulação Nacional de Marchas da Maconha
- Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil
- ASSINDAR – (ASSOCIAÇÃO INDÍGENA DE ARAÇATUBA E REGIÃO)
- OCCA= ORGANIZAÇÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
- Associação Brasileira de Agroecologia – ABA Agroecologia
- Associação Brasileira de Reforma Agrária
- Associação Cultural Esportiva Social Amigos
- Associação Cultural José Martí do RS
- Associação Cultural Sarau de Segunda
- Associação Cultural Vila Maria Zélia
- Associação do Carimbó do Estado do Pará
- Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia – ADUNIR- Seção Sindical do ANDES-SN
- Associação Multiétnica Wyka Kwara
- Associação dos Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC)
- Bibliopong
- Black Lab RJ
- Caritas RS
- CEBI-MS
- CEBs
- CEMPREMATA
- Centro de Cultura Luiz Freire
- Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Biennès
- Centro de direitos humanos Dom Pedro Casaldaliga
- CENTRO ECUMÊNICO DE CULTURA NEGRA – CECUNE
- CIMI/MA
- CIMI/MS
- CIMI/RO
- CIMI/Sul
- Círculo Operário Leopoldense
- CNLB Regional Oeste I
- CNLB Regional Sul 1
- Coletivo Alicerce
- Coletivo CLanDesTino
- Coletivo Cultural de Tanquinho
- Coletivo de Direitos Hunanos de Sarandi PR
- Coletivo Taquara
- Coletivo Terra Femini
- Coletivo Terra Vermelha
- Comissão de Promoção da Dignidade Humana (CPDH) – Arquidiocese de Vitória – ES
- Comissão Diocesana Justiça e Paz de Barreiras – Bahia
- Comissão Guaraní Yvyrupa
- Comissão Justiça e Paz Regional Norte 3
- Comissão Pastoral da Terra – CPT/MS
- Comissão Regional de Justiça e Paz de Mato Grosso do Sul – CRJPMS
- Comitê Estadual Contra os Agrotóxicos – MS
- Comunidade Quilombo do Mata Cavalo
- Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal – Condsef
- Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição – CIIC
- Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida
- CONSELHO DO POVO TERENA
- Conselho Regional de Psicologia – 14a Região / Mato Grosso do Sul
- Cordão de Bruta Flor
- CPMA
- CUT MS
- Democracy for BRASIL UK
- Deputado Estadual Pedro Kemp
- Diversas Feministas/MS
- Do Mar Produções
- Esquadrão da Vida grupo de teatro
- FAIND/UFGD
- FAOR Fórum da Amazônia Oriental
- FLD-COMIN-CAPA (Fundação Luterana de Diaconia – Conselho de Missão entre Povos Indígenas – Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia)
- FONSANPOTMA-SP
- Fórum de Direitos Humanos e da Terra, FDHT
- Fórum Memória Verdade e Justiça do ES
- FORUM NACIONAL RENOVA ANDES-SN
- FÓRUM PARAIBANO DE EDUCAÇÃO, SAÚDE E DIREOTO ANIMAL
- Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro MS
- FPI/Instituto ECOS
- Frente dos Coletivos de Familiares do Cárcere do RS – FCCRS
- Frente em Defesa da Democracia e Soberania Nacional de Assis-SP FDSN
- Frente Quilombola RS.
- GPEA-UFMT
- Grupo de estudos culturais (GEC)/UFPB
- Grupo de teatro de pernas pro ar
- Grupo Lacqua-UFRJ
- Grupo Tarahumaras
- IAC Instituto de Ação Comunitária
- Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase
- Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico
- Instituto Madeira Vivo IMV
- Instituto Misericordes
- Instituto sócio cultural Dandara / CONAQ
- ISCI Instituto Social Capital dos Ipês
- JUPIC (Justiça, Paz e Integridade da Criação) BRC Missionários do Verbo Divino
- Juristas pela Democracia MS
- Lacarta Circo Teatro
- Conselho Guató
- LBL Liga Brasileira de Lesbicas
- Mandato Camila Jara
- Marcha da maconha Joinville
- Móveis Nacional da População de Rua
- Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
- Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
- Movimento LUTA PELA VIDA Contra o Marco Temporal, Direito Ancestral a Mãe Terra
- Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil
- Movimento Xingu Vivo para Sempre
- Mulheres EIG – evangélicas pela igualdade de gênero
- Nuances – grupo pela livre expressão sexual
- Núcleo de Agroecologia Apetê-Caapuã – UFSCar/ Sorocaba/SP
- Núcleo de Estudos Amazônicos/UnB
- Observare
- Observatório da Temática indígena na AL
- Observatório Nacional de Justiça. Socioambiental Luciano Mendes de Almeida OLMA
- ODH Projeto Legal
- ONG UCAMEPA
- Paroquia Anglicana da Inclusão
- Partido dos Trabalhadores-Campo Grande
- Pastoral Carcerária Nacional para Questão da Mulher Encarcerada
- Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Porto Velho Rondônia
- Pastoral Mobilidade Humana e Carcerária
- Pela Defesa da Democracia no Brasil- Florida
- Projeto Mulheres Solidárias
- PSOL, RUA juventude anticapitalista
- PSOL/Bahia
- Quilombo flores
- Rede Brasileira de Conselhos -RBdC
- Rede dos Povos do Espinhaço
- Revolução Solidária /NFF
- Serviço de Paz – SERPAZ
- Sintsep/MS
- Sspantal
- Teatro Imaginário Maracangalha
- Teko há Laranjeiras Nhanderu
- Tv Imbaú
- UBM Juiz de Fora MG
- União Brasileira de Mulheres RS
- União da Juventude Comunista em Rondônia
- Unidos Pra Lutar – Tendência Sindical
- Wika Kwara
- ŸTKA