13/10/2021

No dia da Resistência Indígena, a XXIV Assembleia do Cimi debate sobre os desafios e perspectivas na mobilização dos povos indígenas em defesa da vida

Neste painel, indígenas dos nove biomas brasileiros, trouxeram suas reflexões sobre o tema; o debate faz parte da programação do segundo dia da Assembleia, rumo aos 50 anos do Cimi

Na terça-feira (13), mulheres indígenas ocuparam Brasília em defesa dos seus direitos. Foto: Tiago Miotto/Cimi

Mulheres indígenas ocuparam Brasília em defesa dos seus direitos. Foto: Tiago Miotto/Cimi

Por Assessoria de Comunicação do Cimi

Na data que marcha a resistência indígena para os povos da América Latina, 12 de outubro, os trabalhos do segundo dia da XXIV Assembleia Geral do Cimi trouxeram a força dos biomas na defesa da vida, a luta dos povos indígenas e as histórias da entidade rumo aos seus 50 anos. Ao longo da semana, cada um dos onze regionais trará suas memórias, que juntas constroem a caminhada dos 50 anos do Cimi, indo de encontro ao o lema do evento, “História e Resistência em Defesa da Causa Indígena”.

Com o objetivo de dar sequência à sua missão de apoiar a luta dos povos indígenas, após a mística de abertura, deu-se início ao Painel “Mobilização dos povos indígenas em defesa de seus projetos de vida: desafios e perspectivas”. Com a participação de missionários e missionárias da entidade, representantes da igreja Católica, lideranças indígenas dos nove biomas brasileiros, assessores, parceiros e parceiras nacionais e internacionais da entidade, o debate e trocas de experiências marcam a programação do dia.

“Cada um dos onze regionais trará suas memórias, que juntas constroem a caminhada dos 50 anos do Cimi, indo de encontro ao o lema do evento, “História e Resistência em Defesa da Causa Indígena”

Neste ano, a XXIV Assembleia Geral do Cimi ocorre em formato virtual em razão da pandemia da Covid-19. Foto: Reprodução

Com o tema “Rumo aos 50 anos”, celebrar a caminhada junto aos povos indígenas é construir os próximos 50 anos da entidade. “Missionários a pé, de mochilas nas costas; Com desprendimento e vocação; Percorriam os caminhos até as aldeias; Cumprindo a sua missão; De articular os povos indígenas”, recordou em versos Meire Diniz, do Cimi Regional Maranhão.

De Luxemburgo, Patrick Krãnipi, representando a da Partage, destacou a conjuntura brasileira e dos povos indígenas, “como é possível que o marco temporal precisa ser discutido, ter que reafirmar como povos originários?”, indagou. Patrick destacou o quão perigoso é realizado o trabalho que o Cimi e o povos indígenas têm desenvolvido, além de muito importante para todo mundo é precisamos fortalecer essas soluções. “A cada dia fica mais difícil e mais perigoso, a cada dia são criminalizados. Vamos seguir apoiando, 500 anos quer dizer também 500 anos de reparação”, reforça.

“Como é possível que o marco temporal precisa ser discutido, ter que reafirmar como povos originários?”

Por sua vez, Winnie Overbeek, coordenador do Movimento Mundial pelas Florestas, destacou ser um privilégio ouvir os participantes da XXIV Assembleia do Cimi. “Queria dizer que estamos juntos nessa luta internacional, para dar visibilidade às lutas, contra o marco temporal. A luta de vocês faz uma diferença importante no mundo”, destacou Winnie. Assegurando que sua organização está atenta ao que acontece no Brasil e se inspiram na luta que os povos indígenas vivem e fazem no Brasil. Ao concluir sua participação, comparou a contribuição do Cimi e dos povos indígenas brasileiros com outros países, “a contribuição na África e na América do Norte tem sido muito importante, estamos com vocês nesta luta”.

“Estamos juntos nessa luta internacional, para dar visibilidade às lutas, contra o marco temporal. A luta de vocês faz uma diferença importante no mundo”

Povos indígenas estão mobilizados contra o marco temporal | Foto: Guilherme Cavalli

Desafios e perspectivas da mobilização dos povos indígenas  

Priorizando as vozes indígenas e de suas organizações de base, o painel também trouxe a diversidade dos nove biomas brasileiros, falando de seus territórios, sejam eles demarcados, em processo de demarcação ou em retomadas.

Lideranças indígenas dos povos Pankararu, Macuxi, Kaingang, Mura, Maraguá, Tikuna, Krahô, Apinajé, Xerente, Guarasugwe e Kaiowá contribuíram para o debate e apresentaram reflexões em relação à organização e mobilização indígena, apontando os povos como a principal estratégia para a preservação do meio ambiente.

“Para começar, hoje volto à minha infância e à convivência com mulheres, em especial mulheres   parteiras, rezadeiras, curandeiras, mulheres da tradição”, abriu os debates, Elisa Pankararu. Ela que é professora indígena, mestre em Antropologia, atual coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), além de integrar a Articulação Brasileira de Indígenas Antropólogos (ABIA).

“Para começar, hoje volto à minha infância e à convivência com mulheres, em especial mulheres   parteiras, rezadeiras, curandeiras, mulheres da tradição”

Com forte presença das mulheres, suas ancestrais e da sociedade matriarcal que compõe, Elisa trouxe a participação das mulheres indígenas na organização e mobilização dos povos. “Começo pelas mulheres, porque elas têm relação com as mobilizações dos povos indígenas. Pensar nessas mulheres é pensar a partir do nosso território. Quando falo a partida do meu território, das mulheres, é porque falo a partir dos seres sagrados que é o ser feminino. Essa morada dos nossos antepassados, dos seres visíveis, mas também morada de pedras, árvores de vida”,

Ao destacar a educação indígena, Elisa traça um paralelo entre a educação ensinada na escola e os saberes ancestrais de seu povo, enquanto ensinamento transmissor de saberes de conhecimentos. “Quando falo de seres femininos, seres sagrados, estou falando de ensinamentos das mulheres que são cuidadoras, sabedoras ancestrais, falo do conhecimento de cura com as plantas medicinais, mas também com os cantos e a relações com nossos sagrados. Falo dos nossos sistemas sagrados, dos nossos territórios sagrados”, esclarece a liderança Pankararu.

“Quando falo de seres femininos, seres sagrados, falo do ensinamentos das mulheres cuidadoras, sabedoras ancestrais, falo de cura com as plantas medicinais, com os cantos e a relações com nossos sagrados”

Foto: Leonardo Milano / Amazônia Real / Jornalistas Livres

Quanto liderança e professora de seu povo, Elisa provoca uma reflexão sobre os invasores, o colonizador e seus herdeiros, como se referiu, que continuam violando os territórios sagrados. “A luta por direito, pela defesa desses espaços sagrados começa no chão das aldeias, é conviver com nossos seres vizinheis e invisíveis”, assegura.

“Pensar no movimento indígena hoje, é pensar nessa trajetória que começa com a participação de homens e mulheres, nos rituais sagrados, no chão das aldeias, nas fontes, na roça, nos matos, buscar ervas medicinais. Conheço o movimento indígena a partir do meu povo, mas também na condição de professora e da luta por uma educação escolar que deve congregar o conhecimento dos nossos antepassados. De uma saúde que respeita os processos de cura tradicional, que passa pela luta por essa terra-território”, revela.

“Pensar no movimento indígena hoje, é pensar nessa trajetória que começa com a participação de homens e mulheres, nos rituais sagrados, no chão das aldeias, nas fontes, na roça, nos matos, buscar ervas medicinais”

Por diversas vezes, Elisa faz referência às lutas, ao território e aos seus ancestrais, apontando a importância do movimento indígena, seu fortalecimento com a participação das mulheres. Para ela, a luta nasce no chão do território, na convivência com a natureza, no fortalecimento das relações, nos ensinamentos, na cura, nos antepassados, nos encantados. “O colonizador não tem essa compreensão, porque não tem essa essência que nos fortalece, que faz com que caminhemos quanto movimento indígena”, conclui sua contribuição ao painel.

Na sequência, Edinho Batista, liderança do Povo Macuxi e atual coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), abordou a organização indígena no fortalecimento da luta política, jurídica e de comunicação.

“O Brasil tem uma dívida imperdoável para com os povos indígenas, pois nada do que for feito vai trazer de volta as pessoas que foram arrancadas do nosso território, é muito triste esse governo”, desabafa Edinho ao se referir à luta de seu povo pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e, mais recentemente, o enfretamento à pandemia da covid-19.

“O Brasil tem uma dívida imperdoável para com os povos indígenas, pois nada do que for feito vai trazer de volta as pessoas que foram arrancadas do nosso território, é muito triste esse governo”

Acampamento Luta pela Terra, junho de 2021. Foto: Adi Spezia /Cimi

Acampamento Luta pela Terra, junho de 2021. Foto: Adi Spezia /Cimi

“O Brasil vive um momento muito turbulento, não só pela condição do país, mas também por quem o governa. O que enfrentamos aqui em Roraima não se difere dos outros estados e territórios”, conta o coordenador do CIR. Que ainda lista uma série de desafios do movimento indígena enfrenta.

“A expansão do agronegócio com o avanço da soja; as hidrelétricas que o governo tenta a todo custo construir sem a consulta livre prévia e informada, destruindo os territórios; o garimpo, que não é exclusividade de Roraima, nem dos Yanomami. São mais de 20 mil garimpeiros, com tudo que é tipo de maquinário destruindo o meio ambiente, adoecendo nossa população. O pior é o governo do estado e federal legalizarem o garimpo ilegal nas terras indígenas; a mineração também é um desafio bastante presente, projetos de lei que legaliza a exploração das terras indígenas; não há um plano de proteção dos territórios, nem a demarcação. Isso é muito ruim”.

“O Brasil vive um momento muito turbulento, não só pela condição do país, mas também por quem o governa”

Um dos maiores desafios trazidos por Edinho, seguindo por Davi Camõc Lira Krahô e Kretã Kaingang, da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul) e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), são os Projetos de Lei (PL) anti-indígenas em trâmite no Congresso Nacional e o marco temporal. Defendida pela bancada ruralista e pelo governo Bolsonaro, tem pregado a invasão dos territórios, negado a demarcação dos territórios e o direito originários dos povos indígenas.

“Meu povo tem muita preocupação com o marco temporal, imagina para aqueles que ainda estão no processo de demarcação do território. Precisamos dos territórios demarcados, sem eles não temos água tratada, saúde e educação. Na Ilha do Bananal, estamos sendo atacados pelo agronegócio, o rio Javaé está praticamente morto”, denuncia Davi Camõc Lira Krahô.

“Meu povo tem muita preocupação com o marco temporal, imagina para aqueles que ainda estão no processo de demarcação do território”

Na marcha, povos indígenas do sul da Bahia também marcaram posição contra tese ruralista do marco temporal. Foto: Tiago Miotto/Cimi

Na marcha, povos indígenas do sul da Bahia também marcaram posição contra tese ruralista do marco temporal. Foto: Tiago Miotto/Cimi

“Esse marco temporal precisa ser derrotado, para que prevaleça o direito originário”, assegura Kretã, que iniciou sua trajetória de lutas pelo território ainda cedo. Nessa mesma luta, perdeu seu pai Ângelo Kretã, e tantos outros parentes. “A luta pelo território tem vários passos a seguir, uma dela é a demarcação. O marco temporal com recurso extraordinário e esses projetos anti-indígenas que tramitam no Congresso Nacional, como o PL 490, o PL190 querem acabar com nossos direitos”, reforça a liderança Kaingang.

Linha de frente das manifestações realizadas desde abril desse ano, Kretã destacou a importância dos grandes atos nacionais em defesa dos direitos originários, mas também trouxe a importância das organizações e manifestações a partir dos territórios, das retomadas. “Vivemos um momento definitivo sobre nossas vidas, até o fim e 2021 não podemos nos afastar das mobilizações em Brasília, nos territórios, nos juntando com todas as organizações”, avalia.

“Esse marco temporal precisa ser derrotado, para que prevaleça o direito originário”

Kretã também traz um recorte para a destruição ambiental, da mesma forma como foi no pós II Guerra Mundial, a destruição da mata Atlântica o avanço do agronegócio com plantios de monoculturas, assemelha-se à destruição dos outros biomas, em especial no desmatamento na Amazônia. “Refletindo sobre as mudanças climáticas e ambientais, nos aproximamos da COP26 e o governo brasileiro está se preparando para ir com a maior delegação, inclusive com parentes que ainda não compreenderam o que de fato está em jogo”, listou.

O olhar sobre a questão ambiental, o marco temporal e projetos anti-indígenas, também foram destacados por Adriano Karipuna. “Há um projeto etnocida e genocida contra os povos indígenas, não estamos tendo sossego com a destruição ambiental, os ataques contra os povos tem aumentado, estão tacando fogo nas nossas florestas, causando o terror, ameaçando nossas terras, contaminado nossos rios”, lista a liderança Karipuna.

“Há um projeto etnocida e genocida contra os povos indígenas, não estamos tendo sossego com a destruição ambiental, com os ataques, estão tacando fogo, causando o terror”

Incêndio provocado por seguranças privados por volta das 11h desta segunda-feira (6), destruiu uma casa Guarani Kaiowá no tekoha Avae’te. Foto: povo Guarani Kaiowá

Incêndio provocado por seguranças privados por volta das 11h desta segunda-feira (6), destruiu uma casa Guarani Kaiowá no tekoha Avae’te. Foto: povo Guarani Kaiowá

“Sabemos que na COP26 vão dizer que está tudo perfeito, que os territórios estão protegidos, quando, na verdade, tem feito quase nada pela proteção. Diz que não há recursos, mas são mentiras ditas por esse atual governo, porque para o agronegócio há recursos”.  Adriano ainda faz um apelo pela proteção dos povos livres e isolados, por entender que o Estado brasileiro deve muito aos povos indígenas, especialmente pelo derramamento de sangue com a colonização.

Seguido por Francisco Mura, liderança do povo Mura da Aldeia Taquara, no Amazonas, ao destacar o desmatamento e a devastação dos territórios, perdendo espaço para as fazendas de búfalos que matam tanto a terra quanto os rios, destruindo os mananciais e, por consequência, a saúde dos povos indignas.

“O desmatamento deixa nossas despensas vazias, porque a mata foi derrubada, o rio foi destruído e poluído, afastando nossa caça, destruindo nossas matas, mas jamais iremos desistir, porque nossos antepassados já nos trouxeram até aqui, mostram a resistência e, mais do que nunca, vamos lutar para garantir as futuras gerações aquilo que nossos antepassados já garantiram para nós”, assegura Francisco.

“O desmatamento deixa nossas despensas vazias, porque a mata foi derrubada, o rio foi destruído e poluído, afastando nossa caça, destruindo nossas matas”

Perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontaram ação humana como causa da origem das queimadas no Pantanal. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

Perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontaram ação humana como causa da origem das queimadas no Pantanal. Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

A preocupação com autossustentação e proteção do território tradicional foi reforçada por Mukawa, liderança do povo Maraguá, que vive na região do Rio Abacaxis. “Estamos sendo invadidos por garimpeiros e madeireiros, ameaçados de morte, as lanchas de turismo atrapalham muito nossa vida no território que é nossa mãe, sem ela morremos de fome”, denuncia Mukawa.

A fome esteve presente nas contribuições da jovem Lucini Kaiowá, que falou da retomada em Dourados no Mato Grosso do Sul. Quanto jovem indígena Guarani e Kaiowá, ela trouxe a triste realidade dos povos do Sul do país, forçados a viver em retomadas ou às margens das rodovias. “Falar das retomadas e da expulsão dos territórios, o sofrimento fica nos olhos das mulheres e crianças, vivendo na beira das estradas”, conta.

“Estamos sendo invadidos por garimpeiros e madeireiros, ameaçados de morte, as lanchas de turismo atrapalham muito nossa vida no território que é nossa mãe, sem ela morremos de fome”

Lucini acompanha a luta de seu povo pela terra desde de menina, inclusive, já viu muitos despejos e violências. “Quando sai o despejo, quem mais sofre são as crianças, a mãe. Mesmo com tudo isso, com essa situação precária que estamos passando, não vamos desanimar. Vamos juntar as forças com os outros povos e lutar pelo nosso direito”.

Por sua vez, Ercília Tikuna, coordenadora da Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (AMIMSA), trouxe reflexões ao debate. “Nesses quase 50 anos de trabalho, o Cimi tem ajudado na formação, na luta pelos nossos direitos, ajuda a formar essas pessoas como lideranças da região, dos povos. E se o Cimi não existisse nesses 50 anos, como estaria o movimento indígenas?”, questiona a liderança Tikuna da região do Médio Solimões/AM.

Os questionamentos de Ercília foram seguidos pelas preocupações de Elza Xerente. “Esse governo quer acabar com nossa vida, nosso espaço, nossa natureza, nossa floresta, assim como nossos antepassados, que nem sabiam falar português, não vamos parar de lutar. Vamos resistir no nosso território”, conta a liderança Xerente.

“Esse governo quer acabar com nossa vida, nosso espaço, nossa natureza, nossa floresta, assim como nossos antepassados, vamos resistir no nosso território”

Foto Rafael Vilela

Assim como Kretã, Elza demonstra preocupação com os povos que ainda não têm seus territórios demarcados. De Norte a Sul, em todos os biomas, há conflito na disputa pelos territórios tradicionalmente ocupados pelos indígenas. “Não é fácil viver sem nosso território, não tem vida, saúde nem educação. Queremos nossos territórios para criar nossos filhos e netos, para os jovens e anciões viverem em paz. A terra é nossa mãe, ela nos alimenta”, conta Elza, enquanto um de seus filhos a cerca durante sua contribuição ao painel.

Celebrando os 50 anos de luta, com organização e gratinado o direito originário, a força ancestral, a luta e resistência dos povos esteve bastante presente. Como disse Elza, “a voz dos nossos anciões não morre não, vive dentro de nós”.

A formação de novas lideranças, a luta contra o marco temporal, a multiplicação das sementes tradicionais, a defesa dos territórios e da mãe que é terra-território, a gestão e autossustentação dos territórios, assegurar as conquistas, além do fortalecimento das relações políticas entre os povos e organizações parceiras para fortalecer o enfretamento dos desafios foram listados na programação deste segundo dia da XXIV Assembleia do Cimi.

“A voz dos nossos anciões não morre não, vive dentro de nós”

II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, setembro de 2021. Foto: Verônica Holanda/Cimi

Reflexões coletivas

A partir dos relatos trazidos pelas lideranças indígenas no painel da manhã, os missionários e missionárias do Cimi, parceiros, assessores e convidados da Assembleia, em trabalho de grupo, buscaram refletir e trazer apontamentos para os desafios apresentados. A conjuntura de retirada de direitos tem sido um desafio constante no trabalho para com a causa indígena.

Enfrentar a política anti-indígena do atual governo, a tese do marco temporal, o avanço do agronegócio e invasões dos territórios então entre os principais desafios coletivos. A formação, a organização, a retomada dos territórios e da autonomia dos povos, bem como o fortalecimento dos protocolos de consulta livres prévia e informada, integram parte dos desafios.

“Enfrentar a política anti-indígena do atual governo e a tese do marco temporal, então entre os desafios”

II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, setembro de 2021. Foto: Raissa Azeredo / Aldeia Multiétnica

A programação da Assembleia segue até a próxima quinta-feira, 14, com reflexões sobre o trabalho desenvolvido pela entidade junto aos povos indígenas, debates, trocas de experiências e deliberações sobre próximas ações. Além do referendo dos novos coordenadores regionais e a divulgação do documento final do evento, que pela primeira vez está sendo realizado por videoconferência, devido à pandemia da covid-19.

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