11/08/2020

Conselho de Gestão Ka’apor reafirma ações de fiscalização territorial após assassinato de indígena do povo

A manifestação ocorreu devido ao assassinato de Kwaxipuru Ka’apor. Os indígenas apontam o envolvimento de invasores na morte

Os Guardiões da Floresta atuam há cerca de dez anos na TI Alto Turiaçu em defesa do território sagrado. Crédito da foto: Ruy Sposati/Cimi

Por Assessoria de Comunicação – Cimi

O Tuxa Ta Pa Me Ka’apor, Conselho de Gestão Ka’apor, principal organização política e social do povo, reiterou em nota que os Ka’a Usak Ha ta, guardiões florestais, seguirão “agindo de acordo com (o) sistema de autodefesa (do povo), não permitindo cooptações criminosas nas aldeias e áreas de proteção”.

A manifestação ocorreu devido ao assassinato de Kwaxipuru Ka’apor. O corpo do indígena foi encontrado no início da noite de segunda-feira passada, dia 3, à beira de uma estrada na divisa da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu com o município de Centro do Guilherme, no noroeste do Maranhão.

Kwaxipuhu foi espancado até a morte no povoado Nadir, localizado no acesso a uma das dez aldeias da TI Alto Turiaçu, onde a vítima residia. A Polícia Civil afirmou à imprensa que o indígena foi golpeado na cabeça por uma barra de ferro. Conforme os indígenas, “uma rede criminosa” opera “impunemente” dentro e fora do território.

Os Ka’apor denunciam que o indígena foi morto em represália a uma ação dos Ka’a Usak Ha Ta, durante fiscalização do território contra a presença de invasores. Os guardiões destruíram uma plantação de maconha mantida por não indígenas que agem de forma clandestina.

“Por causa dessa violência, fizemos a ruptura com todos os processos de tentativa de colonização do Awa’i, porque temos Acordo de Convivência, caminhando para o acordo de vida em defesa da floresta, que é a razão da nossa existência. Por isso, não aceitamos o tráfico (de drogas, de animais e de madeira), o uso de bebidas alcóolicas e outros costumes dos Awa’i que enfraquecem nossa cultura, nossa vida enquanto povos originários”, diz trecho da nota.

O Conselho de Gestão Ka’apor é taxativo ao afirmar que o povo continuará com ações de fiscalização e monitoramento territorial “do nosso jeito, sem medo”. Os indígenas explicam na nota que a exploração ilegal de madeira anda junto com tráfico de drogas, alcoolismo, garimpo ilegal e “outras práticas que escravizam, aprisionam, matam”.

“Nosso Tuxa Ta Pa Me existe para apontar o caminho da autonomia e da autodefesa contra esses tipos de violências e assim esperamos que nosso povo viva uma unidade em defesa do nosso território por um Bem Viver na floresta”, encerra a nota do Conselho de Gestão Ka’apor.

Fonte: Por Assessoria de Comunicação - Cimi
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