Fórum Justiça protocola no MPF material e informações sobre violações aos povos indígenas do Rio Grande do Sul durante Ditadura Civil-Militar
Articulação pede que MPF averigue violações e redução de terras indígenas durante a Ditadura e tome medidas de reparação
Por Rodrigo de Medeiros Silva¹
No dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o Fórum Justiça, articulação pela democratização do sistema de justiça, reuniu-se com o Procurador da República Pedro Nicolau, que está à frente do procedimento sobre as violações sofridas pelos povos indígenas do Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar. Na oportunidade juntaram documentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado, em 1967/1968. Também sugeriram pessoas a serem ouvidas, dentre indígenas e missionários que viveram aquele período.
Os documentos da CPI em questão trazem a realidade do arrendamento forçado, indícios de desvios de recursos, retirada de madeiras das áreas indígenas e expropriação dos territórios destes povos. Citam, inclusive, empresas e famílias envolvidas nesta prática de retirada de madeiras. Uma informação importante trazida é o tamanho das terras indígenas do início do século, que em 1968 foram em muito reduzidas e hoje mais ainda. O parecer do relator aprovado na CPI da época, o Deputado Plínio Dutra, remenda que as dimensões dos territórios deveriam retornar ao que eram em 1913, quais sejam, 34.908 hectares em Nonoai; 23. 187 hectares em Guarita; 5.859 hectares em Inhacorá; 11. 950 hectares em Serrinha; dentre outras.
A petição do Fórum Justiça pede para que o Ministério Público Federal (MPF) veja quais eram as dimensões das terras indígenas anteriormente, e verifique as dimensões que agora estão sendo demarcadas, para se estimar o tamanho da violação sofrida e o que precisa ser feito. Há outros crimes sofridos neste período, constantes em outros documentos e que podem também ser auferidos por depoimentos. Participaram da reunião no Ministério Público, pelo Fórum Justiça, Júlio Alt (Acesso Cidadania e Direitos Humanos), Roberto Liebgott (Cimi) e Rodrigo de Medeiros (RENAP).
Clique aqui para acessar a petição completa.
¹Membro da Renap, doutorando em Direito e Sociedade pela UniLaSalle e mestre em Direitos Humanos pela UniRitter