03/09/2019

Organizações manifestam-se sobre desmonte das políticas destinadas aos povos indígenas no Amazonas

Com Diretrizes Orçamentárias assumida pelo Governo do Amazonas, povos indígenas enfrentam desmonte na política indigenista de um dos Estados com maior população indígena do Brasil.

Foto: Guilherme Cavalli/Cimi

Por Ascom/Cimi

Organizações indígenas e da sociedade civil do estado do Amazonas divulgaram um manifesto de repúdio à redução drástica de recursos orçamentários e à extinção de programas destinados aos povos indígenas no Estado. Com a “nova política” assumida pelo Governo do Amazonas, povos indígenas enfrentam desmonte na política indigenista de um dos Estados com maior população indígena do Brasil.

A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) revogou a emenda que destinava R$ 65 milhões da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2019/2020 do governo estadual às populações indígenas. O orçamento era assegurado pelo Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de autoria do na época deputado estadual José Ricardo (PT), que encaminhava um percentual de 0,5% da receita líquida do Estado para políticas junto as comunidades indígenas.

Na reforma administrativa do governador Wilson Lima (PSC), realizada através do Projeto de Lei N.º 328 /2019, o porcentual baixou de 0,5 % para 0,15% da receita tributária. Contudo, o valor foi retirado por completo através de emenda coletiva apresentada no dia 12 de julho na Aleam. A política indigenista do Amazonas, sem o referido orçamento, permanece conduzida pela Fundação Estadual do Índio (FEI), subordinada a à Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). Na nota, indígenas indicam que a FEI urge por mudanças para uma política de  “transparência e moralização”, com  controle social de suas ações por meio de criação de um Conselho Indígena na Fundação.

“Desaprovamos a inércia do governo em não atender as demandas e necessidades indígenas”.

No documento divulgado no dia 13 de agosto, organizações classificam desmonte na política indígena como “ato racista [que] viola frontalmente à Convenção Internacional sobre os Povos Indígenas e Tribais – Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. A Convenção 169 da OIT garante aos indígenas o direito à consulta prévia, livre e informada sobre as políticas destinada as comunidades tradicionais. Segundo texto, nenhuma organização foi consultada sobre mudança do orçamento destinado aos indígenas.

“Repudiamos principalmente a forma covarde, desrespeitosa e traiçoeira como essas decisões foram tomadas pela Assembleia Legislativa e pelo governo do Amazonas, sem nenhum diálogo [com os povos indígenas]”, pontua o documento da Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (Famddi), coletivo formado por mais de 30 organizações indígenas e indigenistas que atuam no Amazonas. Leia o documento na íntegra.

Contexto de Violência

No manifesto, as organizações pontuam um contexto marcado por “violência e a perseguição às nossas lideranças, comunidades e organizações indígenas”. Invasões de terras por posseiros, perseguição e ameaça, intimidação as comunidades e lideranças indígenas por empresários de pesca esportiva, destruição de plantações tradicionais são coações expostas no documento.

“Reafirmamos nossa determinação de continuar denunciando toda forma de violação, negação e desrespeito aos direitos indígenas, aos direitos humanos e defesa ambiental”, sustenta o manifesto.

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