Profetismo e esperança marcam atuação da Igreja de Cruzeiro do Sul (AC) junto aos Povos Indígenas
Em dezembro, Diocese de Cruzeiro do Sul (AC) acolheu o seu novo pastor, Dom Flávio Giovenale. Também aconteceu a despedida de Dom Mosé Pontelo, agora bispo emérito.
Em 2019 a Igreja Católica viverá o Sínodo para a Amazônia. Na selva amazônica, que assume importância para o planeta, desencadeou-se uma profunda crise, devido uma prolongada intervenção humana na qual predomina a «cultura do descarte» (LS 16) e a mentalidade extrativista. O trabalho profético de bispos, padres, irmãs, leigos e leigas em defesa da Casa Comum chega até o papa Francisco que responde o clamor dos povos da floresta. Escutar os povos indígenas e todas as comunidades que vivem na Amazônia como os primeiros interlocutores será o compromisso do do Sínodo, segundo o documento que prepara os caminhos até a ocasião.
“Como podemos colaborar na construção de um mundo capaz de romper com as estruturas que sacrificam a vida e com as mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e interculturalidade?“, questiona o documento preparatório do Sínodo que acontecerá em Roma no outubro próximo.
Neste espírito, no dia 16 de dezembro a Diocese de Cruzeiro do Sul (AC) acolheu o seu novo pastor, Dom Flávio Giovenale. Também aconteceu a despedida de Dom Mosé Pontelo, agora bispo emérito. A celebração contou com a presença de vários bispos, dentre eles Dom Roque Paloschi, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Como pastor da Igreja local até o momento, Dom Mosé esteve com os povos em suas manifestações, principalmente na luta contra a extração de petróleo e minérios que ameaçava drasticamente os territórios e a vida destes povos originários. Seu posicionamento a favor dos povos foi de grande contribuição à missão do Cimi junto aos povos nesta luta contra a extração da Casa Comum, o que resultou em uma Liminar Judicial cancelando a compra de um bloco, pela Petrobras, e também proibindo a extração em todo o Estado do Acre.
Representando a diversidade de povos presente na Região, o povo Nukini se fez presente na celebração. Com suas penas coloridas, pinturas, trajes típicos e maracá a mão cantaram e dançaram agradecendo a Dom Mosé, bispo até então, pelo apoio na defesa de seus territórios.
“No momento nossos direitos estão sendo ameaçados e destruídos, a terra é para nós Mãe e vida e é para vocês também; é a vida de todos nós que está sendo ameaçada, necessitamos da união e do apoio de todos em defesa dos nossos direitos e de nossa Casa Comum”, afirmou Valdenice Nukini.
A participação dos indígenas, que em sua homenagem coroaram os dois bispos, Dom Mosé e Dom Flávio com um cocá e ungindo-os com urucum, evidencia o trabalho profético da Igreja de Cruzeiro do Sul na defesa dos povos indígenas.
Realidade da Igreja Local:
A Diocese de Cruzeiro do Sul é formada por doze municípios, oito no estado do Acre e quatro no estado do Amazonas.
Nos municípios há terras indígenas: Cruzeiro do Sul – Povo Noke Kui (Katukina); Mâncio Lima – Povos: Nukini, Nawa e Puyanawa; Rodrigues Alves – Jaminawa-Arara; Porto Valter – Shawãdawa (Arara); Marechal Thaumaturgo – Ashaninka (Kampa), Apolima-Arara, Shawãdawa do Bagé, Huni Kui (Kaxinawá) e Kuntanawa; Tarauacá – Huni Kui, Ashaninka, Noke Kui, Yawãnawá; Feijó – Huni Kui, Ashaninka, Madihá, Shanenawa e Isolados do Xinane; Jordão – Huni Kui; Eirunepé/AM – Canamari e Madihá (Kulina); Envira/AM – Madihá; Ipixuna/AM – Madihá; Guajará/AM – Marubo.