12/09/2018

Indígenas participam da Assembleia de Mulheres na Aldeia Açaizal

Além do debate proposto, a Assembleia foi realizada com intuito de ativar o Departamento de Mulheres do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns, que é responsável por mais de 8 mil indígenas.

A Assembleia foi realizada com intuito de ativar o Departamento de Mulheres do CITA. Foto: Luana Arantes

Por Luana Kumaruara

Mulheres indígenas do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA) – região Eixo Forte (Alter do Chão), rio Maró, rio Tapajós, município de Belterra e Aveiro -, participaram, nos dias 3, 4 e 5 de setembro, da Assembleia de Mulheres na Aldeia Açaizal. O evento realizado pelo Departamento de Mulheres Indígenas do Baixo Tapajós, do CITA, reuniu cerca de 100 pessoas, entre mulheres indígenas e não indígenas, homens e crianças.

A Assembleia de Mulheres objetivou a ampliação do debate sobre a atuação das mulheres nos espaços políticos, com foco na violência doméstica, psicológica e de perseguição e criminalização de lideranças femininas. O evento pautou ainda sobre a Demarcação de Terras Indígenas, sobretudo o pedido de Grupo de Trabalho para a Fundação Nacional dos Índios (Funai), para demarcação da Terra Indígena Munduruku-Apiaka do Planalto Santareno. Encaminhamentos de saúde e educação, ameaçados de retrocesso nas políticas públicas já conquistas, também foram abordados na Assembleia de Mulheres.

Hoje, grande parte das participação social nas aldeias são delas: nos cacicados, são curandeiras, educadoras, pescadores, catequistas, entre outras atuações. Foto: Luana Arantes

Além do debate proposto, a Assembleia foi realizada com intuito de ativar o Departamento de Mulheres do CITA, que é responsável por mais de 8 mil indígenas. Depois da programação na plenária, o evento seguiu com oficina de pinturas corporais indígenas (tinta de jenipapo e urucum) e oficina de cartazes, pois, o evento se encerrava com a Marcha das Mulheres Indígenas no “Grito dos Excluídos” que aconteceu na Avenida Tapajós no município de Santarém.

O debate contou com a presença de psicólogas, enfermeiras e um assistente do Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá Tocantins (DSEI GUATOC). Esses profissionais trabalham no programa Bem Viver, com ênfase em saúde da mulher e principalmente saúde mental das mulheres indígenas, para combater os recorrentes casos de homicídio e suicídio na região.

Atualmente, a Aldeia Açaizal, que pertence ao povo Munduruku e Apiaká do Planalto, é uma etnia com histórico de árdua luta contra os chamados “sojeiros” naquela região e o interesses de grandes projetos como porto graneleiro para escoamento de soja. O próximo Encontrão de Mulheres Indígenas ficou definido para janeiro de 2019, na Aldeia Novo Gurupá- Rio Arapiuns.

Em 2017, mulheres indígenas que atuam no CITA, começaram a realizar mobilizações de base para organizar a luta nos territórios com as mulheres. Foto: Luana Arantes

Histórico

As Mulheres Indígenas no Baixo Tapajós são historicamente aguerridas. Desde a criação, em 1997, da primeira organização do movimento indígena na região, o Grupo de Consciência Indígenas – GCI. Essas mulheres tiveram forte atuação com direito a participação e voz, no entanto, de certa forma foram invisibilidades pela sociedade patriarcal. Hoje, grande parte das participação social nas aldeias são delas: nos cacicados, são curandeiras, educadoras, pescadores, catequistas, entre outras atuações.

Em 2017, mulheres indígenas que atuam no CITA, começaram a realizar mobilizações de base para organizar a luta nos territórios com as mulheres. Para isso, foram realizados três encontros regionais: na aldeia São Pedro, no rio Arapiuns, na aldeia Ipaupixuna abrangendo a região do Planalto Santareno e Eixo Forte, e o último na aldeia de Solimões para atender os territórios Kumaruara e Tupinambá. Nos encontros de base estiveram reunidos cerca de 350 indígenas, com debate voltado para o fortalecimento das organizações das mulheres. A participação das mulheres reforça a presença feminina nas ações do movimento, bem como nos desafios de conciliar os compromissos da militância e da família.

Nos encontros tiveram oficinas de material de limpeza, de remédios caseiros (pomada e xarope), confecção de artesanato (com miçangas), rodas de conversa sobre violências contra mulher, com base na Lei Maria da Penha.

Ativação do Departamento de Mulheres Indígenas do Baixo Tapajós

COORDENAÇÃO
Coordenadoras: Eli Tupinambá e Maura Arapium

Secretárias: Marcele Munduruku e Fernanda Borari

ARTICULADORAS REGIONAIS
Aveiro: Márcia
Belterra: Mary
Eixo Forte: Leila
Planalto: Felicidade e Dona Maria
TI Maró: Lidia e Edna
Arapiuns: Auriene, Mayra, Marivane
TI Tubinambá: Catrine e Katrine
TI Kumaruara: Ironildes

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