13/09/2018

Atentado contra a cacique Madalena Pitaguary é consequência da falta de demarcação das terras indígenas

Em nota, o Cimi Regional Nordeste repudia o atentado sofrido pela cacique Madalena Pitaguary na noite desta quarta (12), no território tradicional do povo, em Pacatuba (CE)

Cacique Madalena Pitaguary, baleada em atentado nesta quarta (12). Foto: arquivo pessoal

Cacique Madalena Pitaguary, baleada em atentado nesta quarta (12). Foto: arquivo pessoal

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Nordeste subscreve a presente nota e torna público o seu veemente repúdio aos atos de violência contra os povos indígenas no Brasil, em particular ao atentado sofrido pela cacique Madalena Pitaguary na noite desta quarta-feira, dia 12, no território tradicional do povo, localizado no município de Pacatuba, a poucos quilômetros de Fortaleza, capital cearense.

A indígena levou um tiro na nuca ao lutar contra um homem encapuzado que a emboscou em uma estrada de terra, enquanto ela e outras mulheres, incluindo uma criança, andavam de uma aldeia à outra. Durante o embate corporal, o homem disparou o revólver e, na sequência, fugiu.

Hospitalizada e sem risco iminente de morte, a cacique precisou passar por uma cirurgia na cabeça, na tarde desta quinta-feira, dia 13, devido às consequências do disparo: afundamento de uma parte do crânio e a presença de chumbo na região atingida.

Infelizmente não se trata de um ato isolado. Lideranças Pitaguary vêm sendo vítimas de pauladas, ameaças de todo tipo, um indígena foi queimado vivo, mulheres comumente são espancadas e agora este covarde atentado contra Madalena Pitaguary.

Além de agressões físicas e atentados, os Pitaguary têm sido vítimas de diferentes estratégias de violência, caso dos grandes empreendimentos em seu território. Recentemente o povo enfrentou na Justiça, e saiu vitorioso, empresas de mineração que buscam dilapidar áreas do território.

Estes são efeitos incontestáveis da violência extrema possibilitada pela falta de conclusão do procedimento de demarcação da terra indígena, pleiteada pelos Pitaguary há décadas. A situação se tornou ainda mais dramática após a Portaria 001 da Advocacia-Geral da União (AGU), que oferece um ambiente favorável aos agressores e invasores dos povos e terras indígenas.

O Cimi Regional Nordeste se solidariza com os Pitaguary e exige investigação imediata deste crime. Bem como a conclusão da demarcação da Terra Indígena Pitaguary e a retirada dos invasores. A permanência desta situação tem gerado dissociações e sofrimentos para o povo.

Não podemos admitir tal padrão de violência impune e abjeta, atos arbitrários e criminosos que operam no plano material e simbólico e se impõem sobre o povo Pitaguary de maneira atroz. Colocamo-nos em apoio, denunciando a violência que os indígenas têm sofrido. Que suas terras sejam demarcadas e as investigações das autoridades públicas sejam realizadas. Pelo fim do descaso das autoridades e da falta de justiça e reparação.

Ceará, 13 de setembro de 2018

Cimi Regional Nordeste

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