25/11/2009

Os Guarani Kaiowá retomam parte de sua terra tradicional no Mato Grosso do Sul

Na madrugada de hoje, 25 de novembro, cerca de 250 Guarani Kaiowá retomaram parte de sua terra tradicional – Kurussu Ambá – perto do município de Coronel Sapucaia no Mato Grosso do Sul. A área ocupada fica a 5km da Fazenda Madama, onde, durante um despejo em janeiro de 2007, seguranças particulares assassinaram a rezadeira Julite Lopes, de 70 anos. Até hoje, os responsáveis pelo crime seguem impunes.

 

A comunidade de Kurussu Ambá está vivendo há 4 anos na beira da Rodovia MS 289 que liga Amambaí a Coronel Sapucaia , onde crianças sequer têm acesso à água potável. Nesse período, além de Julite, foi assassinado, em julho de 2007, Ortiz Lopes, outra liderança. E, segundo denúncia dos indígenas, em maio de 2009, foi assassinado também Osvaldo Lopes. Nenhum inquérito sobre estes assassinatos foi concluído. Outros cinco indígenas da comunidade têm cicatrizes de feridas de balas pelo corpo, pois foram atingidos durante um ataque de seguranças particulares contra o grupo.

 

Desde 2007, três crianças da comunidade morreram em função de desnutrição, pois a comunidade não tem condições de plantar no espaço em que se encontra e não recebe suficiente alimentação do Estado. O atendimento à saúde também é precário. “Nós também merecemos respeito e consideração das autoridades nacionais e regionais.”, afirmam as lideranças da comunidade. Os indígenas também denunciam a ação articulada entre fazendeiros e policiais, que armariam situações numa tentativa de criminalizar o povo.

 

Para a comunidade, é de fundamental importância que se realize trabalho de identificação na área reivindicada pelo Grupo Técnico (GT) instituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em julho de 2008. “O atraso acaba devagar com a nossa vida. “Por causa do atraso no início da demarcação de nosso território e do desrespeito aos nossos direitos, a gente teve que de novo chegar a essa extrema situação de retomar o nosso tekohá (terra tradicional)”, afirmam os indígenas. “Estamos disposto a morrer pela nossa terra. Cansamos de esperar”, reforçam as lideranças do grupo.

 

Desde 2007, a comunidade tem encaminhado diversas denúncias nacionais e internacionais sobre a realidade que enfrentam. “Exigimos que Governo garanta nossa segurança na nossa terra. Estamos fazendo isso, por que queremos agilizar a demarcação da nossa terra.” declaram os indígenas. Eles responsabilizam os setores antiindígenas do Mato Grosso do Sul por qualquer ato de violência que possam sofrer. Os indígenas pedem apoio e solidariedade da sociedade neste momento de grande importância para a vida dos Kaiowa-Guarani.


Marcy Picanço
Cimi – Assessoria de Comunicação
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Fonte: Conselho Indigenista Missionário
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