Corpo de professor indígena desaparecido é identificado pelo IML no Mato Grosso do Sul
Hoje, 20 de novembro, os pais de Genivaldo devem retirar o corpo do filho e levá-lo para a aldeia Pirajuí, onde vive a família. Além de toda a tristeza com a morte de Genivaldo, os pais do indígena seguem angustiados, pois não há qualquer informação sobre Rolindo Vera. A comunidade não tem mais esperanças de encontrar Rolindo vivo, mas exige que a polícia volte a buscar o corpo do professor. “A gente também é ser humano, como se fosse um de vocês. Não é bicho para matar e jogar o corpo em qualquer canto e não procurar mais. Ninguém procurou mais o Rolindo, como se ele fosse um bicho”, indigna-se um parente dos professores, que preferiu não se identificar por questões de segurança.
Os indígenas exigem que a investigação policial identifique os responsáveis pela morte de Genivaldo Vera. Eles estão tensos, pois acreditam que algumas pessoas envolvidas com o desaparecimento vivem próximas da aldeia. A investigação sobre o caso segue em sigilo. “Sigilo não pode ser sinônimo de esquecimento, de demora”, destaca o coordenador do Cimi no Mato Grosso do Sul, Egon Heck, lembrando o caso do assassinato da Guarani Kaiwá Julite Lopes, assassinada em público em janeiro de 2007, cujo inquérito – feito em sigilo – até hoje está inconcluso.
Terra e investigação
Genivaldo Vera tinha 21 anos e era professor de informática na aldeia Pirajuí. Ele era casado e tinha uma filha, Jessi Vera, que nasceu dia 3 novembro – 3 dias depois do desaparecimento do pai.
A terra reivindicada pelos professores Genivaldo e Rolindo está na área prevista para ser pesquisada pelos grupos de identificação de terras indígenas, instituídos pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em julho de 2008.
Há mais de dois anos, Funai e Ministério Público Federal assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a realizar estudos para identificação de terras Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Este povo é o que enfrenta a pior situação entre os povos indígenas no Brasil, com altos índices de suicídio e desnutrição infantil, e constantemente vítimas de agressões de fazendeiros do estado. A comunidade de Pirajuí e das demais aldeias seguem exigindo punição para seus agressores e a demarcação de suas terras tradicionais.
Marcy Picanço
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