Movimentos Sociais do Mato Grosso do Sul apóiam luta dos Guarani Kaiowá
Mais uma luta Guarani por terra ganha o mundo com contornos de crueldade. Cansados de prazos não cumpridos e promessas jogadas ao vento, algumas famílias desse tekoha-terra tradicional, nas cabeceiras do riacho do mesmo nome, afluente do rio Iguatemi, no município de Paranhos-MS, retornaram à sua terra, no dia 29 de outubro. A alegria e a celebração da volta durou pouco. Em menos de três dias foram surpreendidos por um bando de jagunços a serviço dos fazendeiros. Chegaram atirando e batendo em todos, conforme depoimento dos integrantes do grupo, praticamente todos saíram machucados pela ação violento dos jagunços. Na hora do desespero e correria, dois adolescentes e dois professores não conseguiram retornar com o grupo. Os adolescentes reapareceram depois de dois dias, bastante machucados, enquanto os dois professores continuam desaparecidos até hoje, já há uma semana. Houve até rumores de que os corpos deles haviam sido localizados, porém até hoje não se tem nenhuma informação oficial a respeito da localização ou até ocultação dos corpos.
Diante de mais essa brutalidade contra um grupo Guarani, que, apenas quer um espaço para viver em paz com sua comunidade, produzir seus alimentos, fazer suas festas e celebrações, reverenciar seus antepassados e talvez fazer os espíritos das florestas voltarem, é que nós, movimentos sociais vimos a público externarmos nosso repúdio à violência e assumirmos o compromisso solidário na sua luta pela terra.
Como entidades da coordenação dos movimentos sociais deste estado, queremos também manifestar nosso repúdio às ações e declarações do governo de MS contra a demarcação das terras indígenas, bem como das lamentáveis ações do agronegócio e suas organizações que estão procurando inviabilizar o reconhecimento das terras dos Kaiowá Guarani e Terena.
Com nosso gesto, queremos nos unir a milhares de pessoas que no Mato Grosso do Sul, no Brasil e no mundo, prestam seu apoio solidário ao povo Guarani e exigem a imediata demarcação de todas as terras desse povo, bem como as terras dos quilombolas e sem terra.
Exigimos apuração ágil dos fatos, julgamento e punição dos responsáveis por essas violências, além da reparação da dívida histórica através da imediata identificação e demarcação de todas as terras Kaiowá Guarani.
Coordenação dos Movimentos Sociais do Mato Grosso do Sul
Comissão de Direitos Kaiowá Guarani
Campanha Povo Guarani Grande Povo
Conselho Indigenista Missionário – CIMI-MS
Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB-MS
Movimento de Mulheres Camponesas – MS
FIAN – Brasil e Internacional
Comissão Pastoral da Terra – CPT MS
Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra – MST MS
CDDH – Marçal de Sousa