Após despejo de indígenas, dois professores Guarani desapareceram no MS
No dia 2 de novembro, a mídia eletrônica revelou mais uma das brutalidades cometidas por pistoleiros contra uma comunidade Guarani que voltava a seu tekoha. No dia 29, um dia após o retorno à sua terra atualmente ocupada pela fazenda Triunfo, no município de Paranhos, o grupo de índios foi surpreendido por um caminhão de pistoleiros que chegou atirando contra os índios. Conforme relato do cacique Irineu Verá, “todos os que estavam lá foram agredidos com armas, balas de borracha e socos. Dois professores, Olindo e Genivaldo, estão desaparecidos até hoje “Eram pistoleiros. Mataram eles”, afirmou o cacique, ao Jornal Mídia Max (2/11/09),depois de quatro dias do desaparecimento.
Conforme informou dona Ana, “a nhandesi Paulina teve costela quebrada e bateram muito na cabeça do Olindo e Genivaldo, que continuam desaparecidos. Já passaram quase quatro dias. Se eles estivessem vivos já teriam chegado”. A Polícia Federal está indo para a área hoje, dia 3 de novembro. Até ontem, apenas a Funai tinha visitado o local.
Com as carabinas engraxadas
“Os produtores estão de prontidão”, confirmou a presidente da organização não-governamental Recovê, Roseli Maria Ruiz. A entidade conseguiu ficar sabendo, com até quatro dias de antecedência, das ocupações promovidas em Sidrolândia e Miranda… Com o boato de que as áreas poderiam ser invadidas, os produtores rurais trocaram o descanso para ficar de prontidão nas fazendas neste fim de semana. A mobilização tem o objetivo de evitar a ocupação da terra, já que a retirada do indígena da área é muito difícil. Atenta à mobilização dos índios, a Recovê conseguiu detectar com quatro dias de antecedência a ocupação em Miranda. No dia anterior à invasão, a ONG identificou que a área ocupada seria a Fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian. Ele chegou a ser avisado.”(Campo Grande News, 30/10/09)
Nos comentários ao final da matéria se revela o verdadeiro pensamento da classe dominante que não quer reconhecer os direitos indígenas às suas terras tradicionais. “Neste país onde o trabalho honesto não é reconhecido, deve-se mesmo dar terra aos índios, por que eles não fazem nada, vão, no mínimo, plantar uns três pés de mandioca e esperar pelo governo que lhes dê, depois da terra, cestas básicas e cachaça, muita cachaça para que morram encharcados da bebida preferida do nosso presidente. Só gostaria de saber quem é que está por trás disso, atiçando esta massa de manobra. Índio não faz porra nenhuma para querer terra. Fiquemos de prontidão, com as carabinas engraxadas’ (Milton Silva – Campo Grande News – 30/10/09)
Compromisso de Aty Guasu
Na Aty Guasu realizada recentemente na aldeia de Yvy Katu, os índios de praticamente todas as trinta aldeias e 20 acampamentos indígenas da região do Mato Grosso do Sul, externaram sua indignação com a inoperância e falta de cumprimento dos compromissos e prazos por parte da Funai. Disseram que a paciência tinha esgotado, restando-lhes agir no sentido de garantir seus tekoha. De lá para cá já se passaram novamente 15 dias e nada dos grupos de trabalho retornarem ao trabalho. Naquela ocasião informaram aos representantes do Departamento de Assuntos Fundiários da Funai, do Ministério Público Federal e antropólogos dos Grupos de Trabalho da decisão conjunta dos Nhanderu/caciques e todas as lideranças de que eles irão agir para assegurar seus direitos.
Egon Heck
Cimi MS