Crianças mapuches pedem fim de conflito e respeito aos direitos infantis
O conflito entre soldados e indígenas mapuches no Chile segue fazendo vítimas. Na quinta-feira passada (16), um grupo de soldados invadiu uma escola na comunidade de Temucuicui e deixou sete crianças feridas por impactos de chumbos de caça. Ontem (21), as crianças divulgaram uma declaração pública em que repudiam os acontecimentos e pedem ações de autoridades e organismos competentes.
Na declaração, os meninos e as meninas manifestam preocupação e repúdio ante os ataques ocorridos em 16 de outubro. Para eles, a infância Mapuche , assim como todas as outras, precisa ser respeitada. “Consideramos que as crianças Mapuche também são crianças e, portanto, nossos direitos devem ser respeitados”, comentam.
Direitos como os reconhecidos pela Declaração dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a qual afirma que as crianças devem ser protegidas “contras as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra índole”. No entanto, tais direitos são, muitas vezes, violados.
Diante dos últimos fatos, na declaração, os meninos e as meninas perguntam ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) onde estão seus direitos. “Por que nenhuma instância protege, nem se manifesta frente à violência que estão sofrendo as crianças Mapuche, especificamente na comunidade de Temucuicui?, perguntam.
Na ocasião, exigem do Fundo a manifestação pública de rechaço e repúdio destes atos e pedem que divulgue para todos os 155 países membros as injustiças sofridas pelas crianças indígenas do Chile. “Como crianças Mapuche, lamentamos profundamente que as crianças sejam agredidas sem compaixão. As crianças Mapuche também têm direito a viver em um ambiente harmônico, onde se resguarde sua integridade física e psicológica.”, afirmam.
A demanda pelo respeito aos direitos das crianças também é compartilhada por outros organismos.
Hoje, a presidente da Comissão Assessora Presidencial para a Proteção dos Direitos das Pessoas, Danae Mlynarz, reuniu-se com o novo chefe da IX Zona Policial Araucanía, general Hero Negrón, para apresentar a preocupação da Comissão a “respeito do maltrato a que seriam submetidos meninos e meninas Mapuche”.
Na oportunidade, a presidente apontou os casos registrados também em Maquehue e Padre Las Casas. Aproveitou ainda e relembrou as obrigações de Chile diante da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e as declarações do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial das Nações Unidas.