15/10/2009

Resistência continental

Em Foz do Iguaçu,  lideranças Guarani articulam e se reúnem com indígenas da Bolívia, Argentina e Paraguai


 


Uma importante reunião de articulação do movimento do povo Guarani em nível continental acontecerá no próximo sábado, dia 17, em Foz de Iguaçu – PR, cidade fronteiriça com o Paraguai e a Argentina.


 


Trata-se da continuidade de um processo que busca a unidade, fortalecimento organizativo e autonônomo das organizações indígenas Guarani e de seus aliados da Argentina, Bolívia, Brasil e


Paraguai. Assim como de esforços que conduzam a unificar as urgentes reivindicações do povo Guarani na América do Sul, perante os governos desses países, com a implementação de políticas públicas comuns; especialmente as vinculadas à questão fundiária (restituição de territórios tradicionais para o grande povo Guarani no continente sul americano). 


 


O encontro é promovido pela campanha continental “Povo Guarani, Grande Povo”, que têm agora como pautas fundamentais o fortalecimento da própria campanha e a organização do III Encontro Continental do Povo Guarani, que será realizado no Paraguai, no próximo ano. Os dois encontros anteriores foram realizados no Rio Grande do Sul.


 


Participação


Aproximadamente 40 lideranças indígenas Guarani desses quatro países vão se reunir nos dias 17, 18 e 19 de outubro na Paróquia Perpétuo Socorro, de Foz de Iguaçu. Entre as organizações que estarão representadas estão: do Rio Grande do Sul-Brasil, o Conselho de Articulação do Povo Guarani (CAPG) e a Comissão Nacional de Terra Yvy Rupa; da Bolívia, a Central de Organizaciones de Pueblos Nativos Guarayos (COPNAG) e a Asamblea del Pueblo Guarani (APG); do Paraguai, Asociación de Comunidades Indígenas del Pueblo Mbya Guarani del Departamento de Itapúa (ACIDI), Asociación de Comunidades Indígenas del Pueblo


Pa´i Tavyterã-Pai Reta Joaju, Liga Nativa por la Autonomia Justicia y Ética (LINAJE), Organización de Pueblos Guarayo-Chaco Paraguayo, Organización Nacional Indígena-Avá Guarani (ONAI), Asociación Pai Reko Pavê, Asociación de Comunidades Indígenas de Alto Paraná (ACIGAP), Asociación de Comunidades Ava Guarani-Noo Vusu, Asociación Ava Guarani del Alto Canindeyú e a Asociación Teko Yma Jee´a Pavê. Do Brasil participarão também a Comissão de Direitos


Kaiowa-Guarani e representantes do “Aty Guasu”; assim como lideranças Mbya Guarani de Santa Catarina, São Paulo e Paraná. Da Argentina estarão presentes sete lideranças do movimento Guarani da Província de Misiones.


 


Grande povo


Foi no inicio do século XVII que os Guarani deixaram de enfrentar isoladamente as expedições chamadas de Bandeiras, que destruíam suas aldeias, matavam aos milhares e escravizavam os indígenas, e passaram a se agrupar nas missões criando mais força e organização no enfrentamento.


 


As missões jesuítas, onde viviam os Guarani se estendiam pelo sul do Brasil, Uruguai, norte da Argentina, todo o Paraguai e sudeste da Bolívia. A pesar das imposições religiosas, nas missões, onde a população ultrapassava 25 mil pessoas (população maior do que a habitava a cidade de Buenos Aires e São Paulo), os guarani puderam exercer seus costumes e sua economia de reciprocidade.


 


Atualmente, com os encontros continentais e a Campanha “Povo Guarani, Grande Povo”, eles querem recuperar parte da antiga força – com a qual resistiram ao colonialismo – para lutar contra as atuais forças do agronegócio e do neocolonialismo, em busca da recuperação de seus antigos Tekoha Guasu (territórios tradicionais), perdidos a fogo e sangue perante o invasor branco.


 


Fonte: Cimi MS

Fonte: Cimi MS
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