Informe n. 884: Portaria do MJ declara limites de terra Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul
Foi publicada hoje, 8 de outubro, a portaria do Ministério da Justiça (MJ) que declara os limites da terra indígena Guyraroká, do povo Guarani Kaiowá, no município de Caarapó, sul do Mato Grosso do Sul. Desde 2006, o MJ não publicava uma portaria delimitando terras do povo Guarani Kaiowá naquele estado.
A comunidade de cerca de 130 pessoas está lutando pela demarcação de sua terra tradicional – identificada com
Em meados da década de 1990, as famílias de Guyraroká retomaram parte de sua terra tradiocional, mas foram despejadas e permaneceram 4 anos acampadas à beira de uma estrada. Em 2003, eles voltaram para a terra e, desde então, ocupam um trecho de
Atualmente, o grupo mantém algumas roças que alimentam o povo e geram excedentes para comercializarem. Além disso, criam pequenos animais e têm alguns cavalos e vacas leiteiras. As crianças da aldeia freqüentam regularmente a escola fora da aldeia, mas são constantemente vítimas de preconceito. “Falo para não se importar, mas é difícil para gente também ver nossas crianças humilhadas, por que são índios.”, explica Ambrosio. A comunidade planeja a construção de uma escola indígena para 2010.
O cacique informou que alguns políticos do Mato Grosso do Sul têm interesse na terra do povo, por isso há muita pressão contra eles e contra a demarcação da terra. “Mas, nós não vamos para enfrentamento. Estamos aguardando dentro da justiça. Confiamos que a terra vai ser homologada no prazo correto”, diz confiante.
Oga pysy e Terra Vermelha
O fortalecimento da cultura Guarani é uma grande preocupação da comunidade Guyraroka. Atualmente, eles estão construindo uma das maiores Oga pysy – casa de reza – da região. O Ministério da Cultura apóia a construção, que deve se tornar um centro de referência cultural e memória dos Guarani Kaiowá. Há a perspectiva de ocorrer no lugar um encontro continental do povo guarani. No entanto, a pressão política dos fazendeiros da região contra a demarcação das terras Guarani cria um clima de tensão e violência no estado, que pode motivar a transferência do encontro para outro estado.
Algumas pessoas da comunidade participaram do filme Terra Vermelha, do diretor Marco Bechis, lançado em 2008. Ambrosio Vilalva foi um dos protagonistas da produção ítalo-brasileira que retratou a dura realidade dos Guarani Kaiowá. “O que estava escondido foi colocado em cima da mesa. Mostramos como o Brasil trata nosso povo, que vive maltratado e pisado.”, afirmou Vilalva.
Brasília, 8 de outubro de 2009
Conselho Indigenista Missionário