01/10/2009

Informe nº. 883: Os Munduruku ocupam posto da Funai em Itaituba (Pará)

Informe nº. 883


 



  • Os Munduruku ocupam posto da Funai em Itaituba (Pará)
  • Anistia Internacional reforça campanha de apoio aos Guarani Kaiowá no MS

 


 


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Os Munduruku ocupam posto da Funai em Itaituba (Pará)


 


Cerca de 50 lideranças do povo Munduruku ocupam desde o dia 26 de setembro a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Itaituba, no Pará. Eles reivindicam ações de fiscalização e apoio às atividades produtivas para a terra Munduruku. A administração da Funai na região está sem responsável há três anos. Os indígenas também solicitam a nomeação de um administrador regional para o órgão.


 


“Queremos que o presidente [Márcio Meira] venha aqui ouvir nossas reivindicações. Ou outra pessoa que tenha poder de decidir, mas até agora ninguém da Funai nos responde se alguém virá ou quando virá”, afirma a liderança Haroldo Munduruku, da Associação Munduruku do Alto Tapajós. Os indígenas foram informados que o presidente da Funai está no Acre, na reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI).


 


Segundo Haroldo, o planejamento de ações para o povo não é cumprido, pois a Funai na região está desorganizada e desestruturada. Os indígenas reclamam que a Fundação tem falhado em relação à fiscalização da terra Munduruku, que é constantemente invadida por pescadores e garimpeiros. Ele também reclama da falta de apoio às atividades necessárias para a subsistência do povo, como o plantio de mandioca, banana, cará e outros alimentos.


 


Haroldo afirma que a própria estrutura física do posto da Funai em Itaituba está em situação precária; sem condições, por exemplo, de abrigar os indígenas em seus alojamentos. “Queremos que o presidente ou alguém de Brasília veja a situação e escute a comunidade, os caciques”, completa o indígena.


 


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Anistia Internacional reforça campanha de apoio aos Guarani Kaiowá no MS


 


A Anistia Internacional lançou na última semana duas campanhas em apoio ao povo Guarani Kaiowá, especificamente às comunidades Laranjeira Ñanderu e Apika´y, que foram vítimas de agressões no mês de setembro no Mato Grosso do Sul. A organização conclama os cidadãos a pedirem que as autoridades responsáveis investiguem as violências, protejam as comunidades e concluam as demarcações de terras indígenas no estado.


 


As campanhas se referem a duas ações contra famílias alojadas à beira de estradas no Mato Grosso do Sul. O primeiro caso ocorreu às margens da BR-163, no dia 14 de setembro, quando empregados de fazendeiros incendiaram casas e pertences de cerca de 35 famílias que haviam sido despejadas alguns dias antes da área que o grupo reivindica como sua terra tradicional. No segundo episódio, homens armados balearam um indígena, feriram outros e queimaram barracas de um grupo de 15 famílias acampadas à beira da BR-4


 


As agressões estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal no Mato Grosso do Sul, que, entre outros aspectos, apurará a participação da empresa de segurança Gaspem nos casos. Funcionários dessa empresa já se envolveram em diversos episódios de agressões contra os Guarani Kaiowá, como o despejo dos Guarani Kaiowá da Fazenda Campo Belo (2004) e os assassinatos dos indígenas Dorvalino Rocha (2005) e Xurete Lopes (2007).


 


As campanhas da Anistia Internacional também visam sensibilizar o governo para que garanta condições de sobrevivência aos indígenas – como água, abrigo, comida – enquanto eles permanecerem acampados junto às estradas.


 


Brasília, 1 de outubro de 2009


Conselho Indigenista Missionário

Fonte: Cimi
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