No Alto Solimões Seminário debate realidade sócio ambiental nas fronteiras
Aprofundar a comunicação e articulação entre entidades e organizações indígenas sobre a realidade sócio-ambiental nas fronteiras do Brasil, Peru e Colômbia para enfrentamento dos problemas comuns que afetam negativamente as populações locais. Esse é o objetivo do seminário que acontecerá entre os dias 4 e 9 de outubro próximo. O evento acontecerá na comunidade indígena Kokama Ronda, em Letícia – cidade colombiana que faz fronteira com Tabatinga, do lado brasileiro, no extremo oeste do Estado do Amazonas.
Os povos indígenas e camponeses do Peru e Colômbia ainda ressentem-se dos massacres como o que aconteceu em Bágua (Peru), em junho, durante manifestação contra a aprovação de uma lei do governo peruano permitindo a exploração mineral nas suas terras.
Na Colômbia, os massacres vêm acontecendo com freqüência, também pela resistência dos indígenas a exploração dos recursos naturais de seus territórios. Ali, outra situação incômoda a todos os países vizinhos é a instalação de bases militares estadunidenses. “Curiosamente, essas bases se assentam em várias regiões onde aconteceram conflitos com os povos indígenas”, diz a socióloga Márcia Maria de Oliveira, uma das expositoras no debate de abertura que tratará da conjuntura regional.
Os organizadores explicam que o evento será um espaço para compartilhar informações sobre as conjunturas locais, analisar os impactos sócio-ambientais sobre as populações indígenas, camponesas, ribeirinhas e urbanas e ainda para conhecer as leis ambientais de cada país, analisando suas tendências e como estas leis afetam o cotidiano da população local.
“Queremos que seja, além disso, um espaço alternativo que nos dê ferramentas, forças e inspiração para enfrentar a luta por outro mundo possível a partir da cosmovisão dos povos tradicionais, desde sua cultura e espiritualidade”, explica a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Edina Pitarelli.
Ela informa que cerca de cem pessoas, entre líderes indígenas, ribeirinhos, camponeses e dirigentes de entidades dos movimentos sociais da região são esperados para esta segunda edição que é organizada pela Associación de Cabildos Indígenas del Trapézio Amazônico – Acitam, Cimi Norte I, Equipe Itinerante, Organização dos Estudantes Indígenas da Amazônia Peruana – Oepiab e Rede Ambiental Loretada – RAL.