Acampamento Nacional reúne 3 mil trabalhadores no DF dia 10 de agosto de 2009
Três mil trabalhadores e trabalhadoras dos 24 estados onde o Movimento está organizado chegam hoje a Brasília. Ao longo do dia, as delegações das diferentes regiões do País vão se somando ao grande acampamento montado nos arredores do Estádio Mané Garrincha. A abertura oficial do acampamento está prevista para esta segunda-feira, às 19h.
Uma grande estrutura foi montada para receber os militantes do MST e de outros movimentos que integram a Via Campesina. “Cada estado tem sua cozinha e sua organização. É uma pedagogia que fomos acumulando ao longo de várias atividades de mobilização”, conta Cedenir de Oliveira, da coordenação da equipe de infra-estrutura.
“Viemos reafirmar a necessidade da Reforma Agrária, que é a forma mais barata e objetiva de resolver os problemas do campo. E para podermos assumir nosso compromisso de produzir alimentos saudáveis para a população brasileira”, afirmou José Batista de Oliveira, da coordenação Nacional do MST, durante entrevista coletiva realizada esta manhã.
O acampamento tem caráter de mobilização permanente, com atividades de formação, atividades culturais, marchas e protestos públicos para pressionar o governo. “Este governo assumiu a filosofia de fazer a Reforma Agrária sem conflitos. E isso não existe. Precisamos de uma política de enfrentamento ao latifúndio, à concentração dos meios de produção, à propriedade da terra, ao agronegócio”, complementa Marina dos Santos, da coordenação nacional. Ela reforça que no momento de crise do capital, a Reforma Agrária deve ser colocada como central para resolver os problemas da classe trabalhadora, pois gera empregos diretos no campo e indiretos na cidade.
“Decidimos fazer esse acampamento porque vemos que todos os compromissos assumidos pelo governo federal – antes e depois da eleição – não estão sendo cumpridos”, aponta Marina. No Brasil, 150 mil famílias vivem acampadas, 90 mil delas organizadas pelo MST. E cerca de 45 mil famílias estão assentadas, porém vivem em situação precária, sem os investimentos necessários. Uma das reivindicações é o assentamento imediato de todas as famílias. E para que as famílias tenham condições de viver e produzir na terra, a segunda principal reivindicação é a reposição do orçamento para a Reforma Agrária, com ampliação dos recursos, para garantir o crédito necessário para a produção, educação, infra-estrutura.
Os acampados em Brasília se mobilizam também para cobrar a atualização dos índices de produtividade, intocados desde 1975, apesar da determinação constitucional de revisão a cada cinco anos. “É vergonhoso que as grandes empresas e o latifúndio temam a atualização dos índices, depois de 30 anos sem mudanças!”, aponta José Batista.
“Estamos aqui em busca de respostas concretas para nossos problemas concretos. Esperamos êxito em nossas negociações”.