10/08/2009

Marcha pela terra e pela vida


Serão mais de 100 km de marcha que aproximadamente 500 pessoas farão em uma semana para juntar as lutas do campo e da cidade por uma verdadeira, ampla e popular Reforma Agrária e para denunciar os efeitos da crise para a classe trabalhadora no campo e na cidade. Também estarão presentes indígenas e quilombolas que, além de sensibilizar a população a respeito da violação de seus direitos, estarão reafirmando o urgente reconhecimento de suas terras. As aldeias /acampamentos Kaiowá Guarani de Kurusu Ambá e Laranjeira Nhanderu estarão presentes na marcha.


 


Serão mais de cem quilômetros de reflexão, no passo e no compasso da luta pela vida com justiça e dignidade no campo. Serão os lutadores da terra do Cone Sul do Mato Grosso do Sul que estarão dizendo ao Brasil e ao Mundo que estão dispostos a lutar por uma estrutura fundiária que garanta a terra das populações tradicionais e a todos os que nela queiram trabalhar, e não apenas privilegie a concentração das terras nas mãos da monocultura do agronegócio da soja, cana e gado. Quem produz 70% dos alimentos é a agricultura familiar. Quem tem uma relação respeitosa e integrada da vida e produção no campo são os povos indígenas e quilombolas. É a partir daí que deverão ser pensadas as estruturas de produção e vida digna no campo.


 


Uma nova alvorada desponta no horizonte. A marcha parte alegre e consciente. Chegará a campos grandes e caminhos estreitos, onde se entrecruzam vidas e lutas, indignação e sonhos, dores e esperanças. De Nova Alvorada a Campo Grande será a distância certa para medir não apenas resistência física, mas principalmente para amadurecer propostas de futuro, no campo e na cidade, enfrentar a violência e a fome, a exploração e a injustiça, a acumulação e a carestia. Fazer de cada dia andado, uma grande celebração da esperança.


 


Marchando e fazendo história


Essa já é a quinta marcha organizada pelo Movimento dos Sem Terra no Mato Grosso do Sul. “Nestes 25 anos de lutas do MST em Mato Grosso do Sul, conquistamos terra para mais de 8 mil famílias, em 41 projetos de assentamento, perfazendo uma média de 15ha por família, que antes serviam para criar boi e para a plantação da soja para exportação”.


 


 No mesmo folheto da marcha podemos é denunciada a forma como vem sendo tratada a questão dos direitos indígenas à terra “A forma com está sendo tratado a demarcação das terras indígenas em nosso Estado é uma vergonha. O compromisso de ajustamento de conduta feita pelo Ministério Público Federa e a Funai para a realização do estudo e identificação das terras indígenas sofre forte repressão da classe latifundiária e alguns órgãos públicos que ameaçam impedir com o uso da violência”.


 


 A mesma pressão é feita contra o reconhecimento da terra dos quilombolas.


 


 Nos informes sobre os processos de mobilização nesta jornada nacional de luta pela Reforma Agrária e contar a crise vemos claramente a denúncia de que “Os Governos Federal e Estadual abandonaram a pauta da Reforma Agrária para priorizar o modelo agrícola da monocultura agroexportadora, que se baseia na grande propriedade, no uso de elevadas quantidades de agrotóxicos, gerando poucos empregos e produzindo fome, miséria, exclusão social e degradação ambiental.”


 


Por outro lado vemos que “O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra defende uma Reforma Agrária que seja parte de um projeto de desenvolvimento para o país, que priorize a soberania alimentar do nosso povo e a dignidade do homem do campo e da cidade. Só essa Reforma Agrária verdadeira, massiva e popular pode resolver o problema da distribuição de riqueza e renda, da fome, da educação, da violência e de todas as desigualdades sociais existentes em nosso país.”


 


A marcha tem, por um lado, exigências bem concretas com a disponibilização de terra para todas as famílias acampadas no Estado e em todo o país, bem como a reconhecimento, demarcação e garantia das terras dos povos indígenas e quilombolas, por outro lado é uma luta mais ampla por um novo modelo de sociedade que contemple a pluralidade de culturas e ao mesmo tempo propicie uma nova forma de vida e convivência com a terra e suas formas de vida e um modelo de produção não baseado na destruição e acumulação.


 


Egon Heck


Cimi MS

Fonte: Cimi MS
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