Acima da Lei e do Rei
Nada parece ser impossível para os que se pretendem acima do direito constitucional dos povos indígenas às suas terras. Pelo menos assim o manifestam em seus discursos virulentos, provocativos e contraditórios. Tudo “dentro da legalidade”. Assim como há mais de 500 anos. Conforme seus ideólogos, atualmente agrupados na ONG “Paz no Campo”, dizendo-se porta voz e continuadores da Tradição Família e Propriedade, de Plínio Corrêa de Oliveira, a fina flor da direita obscurantista brasileira. Assim expressa os fundamentos da atuação dos inimigos da demarcação das terras indígenas. “Ensinava ele que sobre essa matéria têm versado Doutores, Pontífices e moralistas ao longo dos vinte séculos de existência da Igreja. E todos têm sido unânimes em afirmar que a propriedade privada se baseia em princípios imutáveis da ordem natural, estabelecida por Deus e corroborada pela Revelação. Tais princípios constituem fundamentos da civilização cristã. E esta cessa de existir quando a ordem social e econômica deixa de se basear nela. Ou seja, quando se suprime a propriedade privada, um povo se expatria do âmbito abençoado da civilização cristã.” (paznocampo.com.br)
Para semelhante pensamento os povos indígenas não tem razão de existir, pois não possuem a “propriedade privada da terra”. Ao contrário crêem firmemente que Deus fez a terra para todos, e ninguém é dono dela. Assim como não se compra e vende a mãe, igualmente não se vende e compra a “mãe terra”. Semelhante pensamento não deve caber no entendimento dos predadores utilitaristas do sistema capitalista, para quem a terra nada mais é do que uma mercadoria a mais na vaca sagrada do mercado global. Imaginar a terra dentro de uma visão mais ampla, de um complexo sistema articulado de vida, e não apenas um objeto de produção, deve dar um nó na cabeça do agronegócio e seus fiéis.
Mata, graças a Deus
Ou melhor, capoeira. Isso parece ser, para os senhores do agronegócio, sinônimo de um mal que deve ser extirpado. E o que é mais grave, utilizam sempre o exemplo de Panambizinho para negar a terra aos índios.