Senadora Marina Silva participa do 12º Intereclesial
Com três testemunhos diferentes, as falas tiveram o mesmo cunho: a busca por um planeta saudável e justiça social. Essa foi a tônica da entrevista coletiva dada por Irmã Antônia Mendes, assessora nacional do Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), por Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima, e pela Senadora Marina Silva (PT/AC), na manhã desta sexta-feira, 24,durante o 12º Intereclesial. O encontro começou dia 21 de julho e encerra amanhã, 25 de julho. Mais de cinco mil pessoas estão participando do evento
CEB’s aprendem com os povos tradicionais
Dom Roque iniciou sua fala dizendo que as comunidades eclesiais de base têm muito a aprender com os povos tradicionais, ribeirinhos, indígenas, quilombolas. “Essas são comunidades onde todos são chamados a participar da mesa, são comunidades que não excluem as crianças, os idosos. São as comunidades fraternas sonhadas por Deus”, afirmou.
Numa comparação entre povos indígenas e quilombolas, Irmã Antônia completou a fala de Dom Roque: “Os quilombolas, assim como os povos indígenas, não podem viver sem a terra. Eu sou uma quilombola, seringueira e ribeirinha e sei muito bem que as nossas relações com a terra não são de destruição”. Outro ponto lembrado por Ir. Antônia foi a questão das hidrelétricas. Para ela, as obras que estão sendo feitas no rio Madeira não matam apenas o rio. Matam o rio, a história e os povos que ali vivem. “Muitos acreditam que nem existem quilombolas aqui neste estado. Mas estamos aqui, resistindo no silêncio. Resistindo como os povos indígenas e os seringueiros resistem e não vamos parar de lutar”, completou.
A senadora Marina Silva fez uma pequena explanação sobre sua atuação como ministra do Meio Ambiente durante mais de 5 anos do governo Lula. Depois, falou sobre sua forma de trabalho no Senado Federal e na Comissão de Direitos Humanos e Minorias do Senado. Ela também fez algumas referências sobre os projetos que tentam flexibilizar a legislação ambiental, sobre o seu descontentamento com a aprovação da Medida Provisória
Questões indígenas no Congresso
Questionada sobre a o Estatuto dos Povos indígenas no Congresso Nacional, a Senadora Marina Silva falou das dificuldades de se aprovar este projeto que está há 15 anos parado, sem tramitação. “É preciso fazer uma avaliação do momento, porque às vezes é perigoso colocar algumas pontos em votação e há o risco da coisa sair pior do que entrou”, afirmou.
Sobre a PEC 38, que procura levar a demarcação de terras indígenas para o Senado Federal, Marina ressaltou: “Com todo o respeito que tenho pela instituição (Senado), eu acredito que se aprovado esse projeto, dificilmente alguma terra indígena seria demarcada nesse país!” E completou. “Questões políticas à parte, isso é inconstitucional, porque a Constituição determina as ações de cada um – Legislativo, Executivo e Judiciário; e não faz parte das funções do Legislativo demarcar terra indígena, mas sim das funções do Executivo”, finalizou.
Um diferente tipo de desenvolvimento
Em relação a outras formas de desenvolvimento, opostas ao atual, que é degradante e mortal, Ir. Antônia destacou as experiências dos quilombolas e suas formas de economia. “Os modelos de economia dos povos indígenas e dos quilombolas nunca foram levados em consideração por causa do atual modelo em que vivemos! Mas os exemplos desses povos são alternativos e corretos, que respeitam a vida”.
Marina Silva afirmou que é preciso pensar em como desenvolver protegendo e como proteger desenvolvendo. Disse que é preciso aprender a respeitar e enxergar a terra como parte do povo. “Pego como exemplo os indígenas de Roraima