Alunos indígenas pedem maior assistência
Representantes da administração da UnB e alunos indígenas definiram, na última sexta-feira, agenda para garantir melhores condições de moradia e aprendizado aos estudantes. Segundo a Associação de Acadêmicos Indígenas do Distrito Federal (AAIDF), o convênio assinado entre a UnB e a Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2004, para assegurar a formação e qualificação profissional de índios, não vem sendo cumprido. Problemas com moradia, falta de salas de estudo e acessos a fotocópias gratuitas, além da construção de um centro de convivência, estão entre as principais reivindicações.
O aluno de medicina da etnia Atikun, Josinaldo da Silva, explica que a bolsa paga pela Funai – R$ 350 para alunos do DF e R$ 900 para os de outras regiões – não assegura a permanência dos estudantes na UnB. “Não dá para pagar um aluguel e se alimentar com esse valor”, afirmou. A burocracia para alugar um imóvel no Plano Piloto é outro entrave aos cotistas. “A gente precisa de três fiadores, por exemplo, mas chegamos na cidade sem conhecer ninguém. Muitos até ficam sem casa”, completou Silva, que aproveitou o encontro no gabinete do reitor para pedir que a UnB intervenha junto à Funai nas negociações.
A falta de salas de estudo para tutoria e de acesso às fotocópias gratuitas no campus também compromete o desenvolvimento acadêmico dos 38 estudantes índios, de 14 etnias. “Nós temos tempo, mas falta espaço físico para acompanhar os alunos”, observou o coordenador pedagógico dos alunos indígenas e professor da Faculdade de Saúde, Umberto Eusébe. Em discurso no gabinete do reitor, o estudante de engenharia florestal e representante da etnia Wapichana, Olavo Batista, emocionou os presentes ao falar das dificuldades enfrentadas pelos índios na UnB. “Temos um sonho enquanto povo. Mas enfrentamos essa triste realidade”, declarou.
Como resposta, o reitor José Geraldo de Sousa Junior pediu aos membros da Comissão de Assuntos Indígenas, criada no início do semestre, uma agenda de compromissos para garantir os benefícios aos alunos. “Temos que trazer a Funai para debater a aplicação do convênio e levantar melhorias”, afirmou. O reitor ainda ordenou o cumprimento imediato da gratuidade das fotocópias, por meio de convênio entre a UnB e estabelecimentos do campus, e da escolha de uma sala para aulas de reforço, que deve ficar no pavilhão João Calmon.
A seleção para o ingresso de estudantes indígenas na UnB ocorre desde 2004, ano que marcou o convênio entre a UnB e a Funai. A cada semestre, 10 estudantes tem vagas asseguradas pelo sistema de cotas. Pela peculiaridade cultural e social dos alunos, muitos vindos de outras unidades da Federação, a parceria entre as instituições garante prevê os benefícios e estímulos para garantir a permanência dos calouros durante o período acadêmico.
Convivência
A pauta de reivindicações entregue pelos estudantes à administração da UnB inclui ainda a construção do Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas na UnB, batizado de Maloca. O projeto, que prevê uma construção em formato circular, com capacidade para 100 pessoas, está sob análise no Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan). “É um belo projeto, com espaços para manifestações culturais e atividades acadêmicas, mas temos que ver o local adequado e realizar audiências públicas antes de começar”, ponderou o reito José Geraldo.
João Campos – Da Secretaria de Comunicação da UnB