16/06/2009

Não à criminalização do povo Xukuru

Fernando Ferro*


  


A luta dos povos indígenas brasileiros pelo direito à dignidade e à vida está enfrentando mais uma batalha contra o preconceito e o conservadorismo. Trata-se do Povo Xukuru do Ororubá, formado por cerca de 10 mil crianças, homens, mulheres e anciãos que têm suas Terras fincadas nas serras de Pesqueira, Agreste Pernambucano.


 


A Justiça Federal de Pernambuco condenou 31 indígenas do Povo Xukuru. O cacique Marcos Luidson é acusado de ser agressor, não vítima, por ter defendido suas terras de invasores. Esta é uma tentativa clara de criminalizar os Povos Indígenas. O líder da etnia recebeu condenação de 10 anos de prisão. Esta sentença foi proferida antes mesmo do final do processo, uma vez que há testemunhas que ainda não foram ouvidas.


 


Estou de acordo com a declaração do Bispo de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, que em carta aberta à população afirmou que, “criminalizar uma nação indígena significa minar a sua auto estima, exercer a tentativa da divisão interna de um povo e, portanto, enfraquecer a sua luta diminuindo a sua resistência diante da cultura dominante”.


 


A justiça precisa rever sua posição e desta vez não esquecer as premissas de isenção e igualdade entre os brasileiros. Não bastassem as atrocidades cometidas historicamente pela classe dominante contra os habitantes originais do Brasil, continuamos a ver que o preconceito ainda encontra arautos em pleno século XXI.


 


A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal enviará ao Superior Tribunal de Justiça uma carta aberta apelando para que sejam reformadas as sentenças condenatórias do Cacique Marcos e outros 30 Xukurus. Este Povo merece paz e respeito.


 


Repudiamos o processo de criminalização do Povo Xukuru e de suas lideranças. Acreditamos que há fortes interesses por trás destas condenações. Manifestamos nossa solidariedade ao Povo Xukuru e ao Cacique Marcos, nosso companheiro de luta por uma sociedade mais digna e justa.


 


Como disse Dom Pedro Casaldáliga em uma mensagem ao Povo Xukuru, que cita o patriarca Xukuru Xicão e envia uma bênção ao seu afilhado, Marcos Xukuru: “O sangue dos nossos mártires e o testemunho dos nossos patriarcas e matriarcas nos batizam de coragem e de esperança”.


 


* Deputado federal.


 


Publicado no Jornal Folha de Pernambuco, 16/06/2009.


 


Apoia a campanha: assine a petição em prol dos Xukuru no site www.petitiononline.com/xukuru/petition.html


 

Fonte: Folha de Pernambuco
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